O empresário Alexandre Giordano, suplente do senador Major Olímpio (PSL-SP), é tido como o intermediário do esquema que alterou o acordo de Itaipu com o objetivo de favorecer a empresa Léros, que teria vínculo com a Família Bolsonaro. O acerto foi cancelado após o escândalo estalar uma crise no Paraguai que ameaça o presidente Mario Abdo e seu vice com um processo de impeachment.
Giordano foi apontado pelo ad devogado paraguaio José “Joselo” Rodríguez González, pivô do escândalo, como participante das tratativas com os paraguaios que modificaram o acordo de Itaipu como representante do governo Bolsonaro. Em entrevista a Fabio Victor e Thais Bilenky, da Revista Piauí, ele negou a identificação e disse que estava lá somente para escutar.Ele afirmou que não conhece “ninguém do Paraguai” nem do clã Bolsonaro. “Não tenho amizade com o Bolsonaro, nunca nem dei a mão para o Bolsonaro, não tenho amizade com os filhos dele, não frequento a casa deles, não frequentam minha casa, tenho relação zero com eles”, disse à Piauí. Giordano lamentou a repercussão do caso e disse que agora ninguém mais o vê como empresário exitoso, apenas como lobista.
O acordo de Itaipu e a Léros
Com o acordo, já cancelado, o Paraguai renunciaria a uma série de benefícios, aumentando em 200 milhões de dólares os custos para a Ande, estatal paraguaia de energia, e, com a remoção de um artigo específico (6), privilegiaria empresas brasileiras que quisessem comprar o excedente, como a Léros.
Kléber Ferreira, fundador e diretor do grupo, que supostamente teria pedido a remoção do polêmico artigo, afirmou que enviou representante para a reunião à pedido da Ande e negou ser representado por Giordano.
As versões que circulam sobre o caso são contraditórias. Três figuras tidas como centrais nesse caso, Joselo, o vice-presidente Hugo Velázquez – quem teria colocado o advogado nas tratativas – e Giordano, contam histórias distintas, abrindo margem para muita especulação.
Impeachment
Neste domingo, o carro de Velázquez foi alvo de “ovadas” de manifestantes que pedem a continuidade do processo de impeachment contra ele e o presidente. Após o cancelamento do contrato, Abdo conseguiu dissipar a forte tensão que levava o Congresso a instalar o “juízo político”.
Por conta da polêmica, o diretor da estatal, Pedro Ferreira, o ministro das Relações Exteriores, Luis Castiglioni, e outras duas autoridades do país vizinho pediram renúncia. O caso ainda não teve grande repercussão no Brasil e pode ser investigado pela Comissão de Relações Exteriores do Senado.
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