Da Redação - Agência São Luís
Bois de Orquestra saúdam São João na nona edição do cortejo Clarins da Ilha nesta quinta (23)Em véspera da noite do santo mais celebrado no período junino, o São João, os bois de orquestra estarão reunidos para pedir as bênçãos ao santo católico por mais uma temporada de festas juninas na nona edição do Clarins da Ilha, um cortejo que integra a programação desta quinta-feira (23), no São João de Todos, promovido pela Prefeitura de São Luís e Governo do Estado. A concentração tem início às 19h, em frente à Igreja de São João, na esquina da Rua da Paz com a Rua de São João, e todos os grupos seguirão em cortejo pelas ruas do centro até a praça Maria Aragão onde se apresentarão no palco principal, a partir das 21h.
A programação na praça Maria Aragão, também terá início no mesmo horário, e estarão se apresentando o Cacuriá da Vila Goreth, às 19h, e show da banda Makina du Tempo, às 20h. Este ano, participam do encontro os grupos Boi da Redenção, Boi do CEIC, Boi Encanto do São Cristóvão, Boi Encanto do Olho D'Água, Boi Brilho da Juventude, Boi Mirantes da Ilha e Boi Lendas e Magias do Centro Histórico.
Além do aspecto religioso do encontro, o Clarins da Ilha também é um momento de integração entre os grupos de bois de orquestra, além de divulgação da tradição desse sotaque, um dos mais recentes e populares entre a diversidade dos grupos de bumba meu boi.
"Esse é um momento muito bonito da programação, quando os grupos vão para as ruas convidando a população, os moradores da região do centro para celebrar o santo que homenageia toda essa festa, o São João. É um arrastão de alegria, bem democrático, onde todo mundo pode brincar junto", disse o secretário municipal de cultura, Marlon Botão.
Nos grupos de bois de orquestra, o auto do bumba meu boi é adaptado para um formato mais musical, de ópera popular. Ao incorporar outras influências musicais, o boi ganha neste sotaque o acompanhamento de diversos instrumentos de sopro e cordas, como o saxofone, clarinete e banjo. Peitilhos (coletes) e saiotes de veludo com miçangas e canutilhos são alguns dos detalhes nas roupas do brincante.
ARRAIAL DA TRADIÇÃO
A programação da Maria Aragão tem atraído turistas e pessoas interessadas em ver no palco de apresentações os grupos mais tradicionais, como é o caso da enfermeira Helena Costa, de 58 anos. "Eu estou acompanhando todos os dias da programação e sempre gostei do arraial da Maria Aragão por poder ver os bois bem de perto, no palco, e com o conforto adequado. Eu gosto de ver os bois mais antigos, o boi de Pindaré, da Maioba, da Pindoba", disse Helena. A Prefeitura disponibilizou um espaço reservado de cadeiras, na lateral esquerda do palco, para pessoas com baixa mobilidade, idosos, mãe com crianças de colo e pessoas com deficiência.
Na noite de quarta-feira (22), dona Helena pode conferir de perto a apresentação do Boi de Pindaré, sotaque da baixada, que foi a penúltima atração da noite. A beleza das indumentárias de índias e vaqueiros, com grandes chapéus que simulam céus estrelados formam um espetáculo visual para quem vê as apresentações.
O Boi de Pindaré existe há 56 anos e teve como principal cantador o Mestre Coxinho, autor da toada que se tornou o hino da cultura do Maranhão, o "Urro do Boi". Durante a execução da música, o boi faz uma performance única: a cada verso da toada, um couro diferente do boi vai sendo retirado, e cada couro expressa a poética da frase da toada.
Segundo Francisco Aroucha, um dos vaqueiros do boi, o grupo mantém laços comunitários e familiares ainda muito fortes e responsáveis pela manutenção do boi. E cada indumentária se torna um exercício visual dessas expressões de fé. "Cada roupa homenageia um santo e você pode ver nos desenhos das fantasias. O couro do boi também é outra parte que a gente homenageia o que a gente acha importante. Já homenageamos o papa, já homenageamos personalidades e sempre homenageamos os santos juninos. Esse ano a gente vem homenageando também a Dona Anjinha, que colaborou muito com o boi no trabalho de bordadeira, a pedido da filha dela", disse Francisco Aroucha.
Para o mestre e cantador Hermínio Castro, de 71 anos, que afirmou com precisão brincar no boi desde o dia 23 de julho de 1968, o ofício de mestre e cantador é uma vocação. "Entrei no boi como cantador e esse ofício vem de raiz. O boi é o seguinte: a gente canta e comanda, a gente se dedica todo tempo, quando termina um ano se preocupa pra melhorar no ano seguinte. Eu sempre que faço palestras incentivo a juventude a não deixar morrer a raiz, o auto do boi, a morte do boi, e elogio o trabalho dos pesquisadores e da imprensa, porque mantém esse registro vivo", afirmou o cantador.
A programação do São João de Todos na Maria Aragão também contou com a apresentação do Cacuriá Estrela do São Francisco, da apresentação do grupo Baile de Caixa, show com o artista Gabriel Melônio e encerrou com apresentação do boi de orquestra Upaon Açu.
PROGRAMAÇÃO
Nesta sexta-feira (24), dia de São João, a programação na Praça Maria Aragão terá início às 18h, com apresentação do boi mirim Sonho de Magnólia. Às 19h, sobe ao palco a Dança Portuguesa Raízes de Portugal. Em seguida, o Boi de Eliézio, de sotaque de costa de mão e um dos grupos que integram o Encontro de Salvaguarda do São João de Todos.
A programação continua com apresentação da cantora Rosa Reis, às 21h, em seguida, Boi da Madre Deus (matraca), Boi Pirilampo (alternativo), Boi de Santa Fé (baixada) e encerra com o Boi de São Simão (orquestra), 1h da manhã. A programação completa você pode conferir no portal da Prefeitura (
www.saoluis.ma.gov.br) e no hotsite do São João de Todos (
http://www.ma.gov.br/saojoao2016).