A Procuradoria-Geral da República pediu ao Supremo Tribunal Federal abertura de inquérito para investigar pelo menos dois ministros do Governo de Michel Temer, além de destacados senadores do PMDB e do PSDB, aliados do presidente, todos citados nas delações premiadas da Odebrecht.

Na mira do Procurador-Geral Rodrigo Janot também estão o ex-chanceler de Michel Temer, José Serra, e o ex-candidato à Presidência da República, Senador Aécio Neves (PSDB-MG), derrotado por Dilma Rousseff em 2014, além da própria Dilma e do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Todos estes processos e pedidos de abertura de inquéritos e procedimentos investigativos decorrem das quase 40 fases da Operação Lava Jato, deflagrada em 2014 e a esta altura sem prazo para terminar. O próprio Juiz Sérgio Moro, titular da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, no Paraná, condutor da Lava Jato, gostaria de tê-la concluído em 2015, mas em 2016 ela ganhou uma prorrogação, e agora, com o aumento crescente do número de delações premiadas, o objetivo de concluí-la em 2017 parece cada vez mais distante. Só de executivos e ex-executivos do Grupo Odebrecht são 77 termos de colaboração (denominação jurídica da delação premiada) para serem analisadas pelo Poder Judiciário.
Para o historiador e cientista político Antônio Marcelo Jackson, professor do Departamento de Educação e Tecnologias da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), a questão não é saber para onde vai a Operação Lava Jato, mas até que ponto ela poderá chegar:
"Se tivéssemos instituições sérias e robustas, como vários países têm, eu ficaria muito feliz com os rumos da Operação Lava Jato", afirma Jackson. "Agora, eu fico muito preocupado com o que poderá acontecer no Brasil e com as nossas instituições. Isto porque os atores que as fazem se movimentar são muito fracos, e infelizmente a nossa sociedade, por meio do voto, contribui para isso."


Projetando-se o futuro, o que poderá acontecer no Brasil e ao Brasil diante do aprofundamento da Operação Lava Jato? O que poderá acontecer com a democracia brasileira à medida que fatos escusos da política vão se tornando cada vez mais públicos e, portanto, de amplo conhecimento da sociedade?

Para Antônio Marcelo Jackson, as expectativas são preocupantes:
"Vamos pensar e levar a sério todas as denúncias que vêm sendo feitas. Vamos imaginar que todas as denúncias sejam comprovadas e essas pessoas [acusadas] sejam impedidas de se candidatar. Não estou me referindo a partidos políticos, mas, sim, a nomes, pessoas. Sobrariam dessa lista algumas pessoas da extrema direita, pessoas fascistas, como aconteceu na Itália, algumas destas pessoas namorando muito seriamente o neonazismo. Enfim, é para estas pessoas que vai a nossa república democrática."


Edifício do Supremo Tribunal Federal em Brasília, Brasil (foto de arquivo)


Juliana Titaeva, passista da escola de samba Portela, estreou no famoso Carnaval do Rio de Janeiro. Entrevistada pela Sputnik Brasil, Juliana contou como foi realizar seu sonho.

"Poucas palavras podem descrever… As emoções dos participantes extravasam, porque eles se preparam como se estivessem indo à guerra. Antes de entrarem no Sambódromo, todos rezam em círculo. A minha ala de passistas é uma das alas que não se pode pagar para participar [dela], nela dançam só as pessoas das comunidades, das favelas. Esta ala é o coração da escola. Eu presenciei emoções indescritíveis", confessa Juliana.
Ela conta que o processo da organização, a agitação das pessoas, emoções — sejam risadas ou choros — é algo incrível que dá uma energia absolutamente especial.
"Aquela energia que vem dos espectadores e atravessa por todo seu corpo e sai de você… é um sentimento estupendo", destaca a passista.
O desfile da Portela no Sambódromo durou 71 minutos, mas para quem treina é fácil passar tanto tempo dançando, explica Juliana:
"Este tempo de 71 ou 72 minutos é para todo o desfile. Nós temos cerca de 40 minutos no Sambódromo. Não acho que seja difícil. Primeiro, os ensaios ajudam muito, segundo, no momento do desfile já não se sente nada: nem os calos nos pés, nem as fantasias pesadas. É um tipo de transe. A alma 'voa para os céus'. Por isso não é difícil, é fácil."

Falando sobre futuro, Juliana revela que o samba para ela é uma espécie de hobby, no entanto toda essa atenção dada a ela é agradável depois de todos os esforços, treinos e aulas de português. Apesar de tudo, Juliana não considera a possibilidade de se tornar sambista profissional.
Juliana Titaeva, passista da escola de samba Portela durante Carnaval de 2017"No próximo ano eu volto sem dúvida. Mas fazer isto de modo profissional, acho pouco provável", concluiu Juliana.
            Juliana Titaeva, passista russa da Escola de Samba Portela


A editora-chefe do canal RT e da agência Sputnik, Margarita Simonyan, comentou as acusações contra as respectivas mídias lançadas pelo presidenciável francês Emmanuel Macron.

"Nos sentimos lisonjeados por a equipe de Macron continuar a construir sua campanha eleitoral em torno das mentiras sobre o RT e a Sputnik. Não é muito elegante, mas é engraçado", diz-se em um comunicado de Simonyan.
Mais cedo neste sábado (4), o conselheiro de Macron se manifestou mais uma vez crítico em relação à agência russa Sputnik e ao canal RT, acusando-os de divulgar informações falsas sobre si. Ao mesmo tempo, ele voltou a não apresentar quaisquer provas para justificar suas declarações.

Já não é a primeira vez que a equipe de Macron faz este tipo de acusações. Nos meados de fevereiro, a equipe eleitoral do movimento Em Marcha! (Em Marche) liderado pelo candidato, bem como dois simpatizantes do político, afirmaram ter havido ciberataques a partir do território russo contra a sede de campanha e sua base de dados.
A assessoria de imprensa da Sputnik já rechaçou as palavras do conselheiro, afirmando que elas representam mais uma tentativa de manipulação da opinião pública.

Anteriormente, a agência Sputnik França e o RT negaram as acusações de Macron sobre os alegados ataques contra ele efetuados pela mídia russa, chamando-as de falsas e injustificadas. Ao mesmo tempo, a Sputnik França convidou o ex-ministro da Economia (Macron) a visitar o seu escritório para que este pudesse explicar a sua postura.


Segundo comunicou a Sputnik França, foram empreendidas diversas tentativas de contatar os representantes de Macron para falar sobre as informações alegadamente falsas. Em particular, a última tentativa foi feita na quinta-feira (2) mas, tal como outras, acabou por não receber resposta. Vale ressaltar que os representantes de Macron têm sido muitas vezes convidados a participar em programas do RT para esclarecer sua posição e apresentar provas, mas a equipe do presidenciável tem recusado sempre os convites.
Ao comentar a situação, a representante oficial da chancelaria russa, Maria Zakharova, pressupôs que são os louros da ex-candidata à presidência dos EUA Hillary Clinton que não dão sossego a Macron.

Margarita Simonyan, editora-chefe da Sputnik e canal RT
Подготовка к открытию Петербургского экономического форума

Moscou também se opõe à violação, por parte da Coreia do Norte, da resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que proíbe o país asiático de conduzir testes nucleares e lançar mísseis balísticos, segundo declarou nesta terça-feira (7) o embaixador russo na sede da ONU em Genebra, Aleksey Borodavkin.

Em uma conferência sobre desarmamento, Borodavkin acrescentou que Moscou está exortando todas as partes envolvidas a "mostrar moderação e considerar seriamente as consequências negativas de uma maior escala de tensões na região".


Ainda segundo o embaixador russo, o Kremlin está convicto de que os esforços políticos e diplomáticos são a única maneira de resolver a situação. 
A Coreia do Norte disparou quatro mísseis no Mar do Japão na segunda-feira (6), enquanto EUA e Coreia do Sul se preparavam para exercícios militares de grande escala, que começaram nesta terça-feira (7) com participação prevista de 17 mil militares norte-americanos e mais de 300 mil sul-coreanos.
A delegação norte-coreana qualificou as manobras militares como uma "provocação", e garantiu que Pyongyang continuará a desenvolver suas capacidades de autodefesa.

 Líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un


Portal assegura que divulgará "o maior vazamento de dados de inteligência da história".

Wikileaks, plataforma fundada por Julian Assange para divulgar informações confidenciais ou privadas, iniciou nesta terça-feira a publicação de milhares de documentos que atribui ao Centro de Inteligência Cibernética da CIA. O material consistiria, segundo o WikiLeaks, de detalhes e ferramentas de um programa de espionagem cibernética dos serviços de inteligência norte-americanos, cuja publicação colocaria a agência federal em sérios apuros.
O site afirma se tratar do maior vazamento da história da CIA, pois a agência de inteligência “recentemente perdeu o controle da maioria do seu arsenal de hackeamento, incluindo softwares, vírus maliciosos, troyans, sistemas de controle remoto e documentação associada”, segundo o WikiLeaks. “O arquivo parece ter estado circulando de forma não autorizada entre ex-hackers e prestadores de serviços do Governo, um dos quais ofereceu fragmentos ao Wikileaks”, acrescenta o site em um comunicado.
Uma parte do vazamento, ao qual o Wikileaks se refere como Ano Zero, consiste de 8.761 documentos e arquivos de uma rede isolada de alta segurança, situada no chamado Centro de Inteligência Cibernética que a CIA mantém em Langley (Virgínia), que incluem esses instrumentos de espionagem. O chamado programa Ano Zero incluiria especificamente uma série de armas informáticas para poder grampear telefones e aparelhos produzidos por companhias norte-americanas, como os iPhones da Apple, o sistema Android do Google, o Windows da Microsoft e os televisores Samsung, que assim se tornariam microfones disfarçados.

Estes documentos serão divulgados após vazamentos relativos a partidos e políticos franceses durante a campanha eleitoral de 2012. Agentes da CIA teriam recebido ordens de averiguar conversas privadas de Nicolas Sarkozy sobre outros candidatos, assim como as estratégias de François Hollande e Marine Le Pen, as dinâmicas partidárias e suas posições com relação à política econômica.
No final do ano, as agências de inteligência dos Estados Unidos acusaram Moscou de orquestrar uma campanha de espionagem durante as eleições presidenciais de novembros nos EUA, mas numa escala muito diferente deste caso, já que acusavam o Kremlin de revelar emails do Partido Democrata – publicados pelo próprio Wikileaks – e difundir notícias falsas, entre outras estratégias, a fim de prejudicar a candidatura de Hillary Clinton e favorecer a chegada de Donald Trump ao poder.
Esse episódio contrapôs Trump, então presidente-eleito, aos seus próprios serviços de espionagem, cuja credibilidade ele colocou em dúvida. Depois de tomar posse na Casa Branca, em 20 de janeiro, voltou a enfrentar esse assunto quando a imprensa divulgou as conexões de membros da sua equipe com Moscou. As revelações desta terça-feira, se confirmadas, darão a Trump um bom trunfo para sua tese de que a CIA está infestada de fofoqueiros que não cuidam direito da informação confidencial. Jonathan Liu, porta-voz da CIA citado pela agência AP, limitou-se dizer que não faria comentários sobre a autenticidade ou conteúdo de tais documentos.
O WikiLeaks havia planejado uma entrevista coletiva via internet para apresentar seu projeto Vault 7, mas posteriormente anunciou no Twitter que suas plataformas tinham sido atacadas e que tentará se comunicar mais tarde. Em nota, o australiano Assange, refugiado desde 2012 na Embaixada do Equador em Londres, disse que o vazamento desta terça-feira é “excepcional do ponto de vista legal, político e forense”.

Wikileaks - Julian Assange

Cresce no Congresso movimento para acabar com benefício a políticos e autoridades.

Uma decisão envolvendo o ex-presidente José Sarney (PMDB) tomada pelos cinco ministros da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal, a esfera responsável por analisar a maioria dos processos da operação Lava Jato, passou quase despercebida pelo noticiário brasileiro na última semana. Mas suas implicações dão dois indicativos: 1) a corte trata de maneiras distintas ex-autoridades públicas, como Sarney e Luiz Inácio Lula da Silva (PT); e 2) o relator da Lava Jato, o ministro Edson Fachin, terá dificuldade em emplacar sua tese dentro deste colegiado.
O primeiro teste de fogo de Fachin ocorreu há uma semana, quando votou a favor da manutenção dos quatro inquéritos que envolviam Sarney na primeira instância. Foi derrotado por quatro votos a um. Os ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello concordaram com a tese da defesa do peemedebista e entenderam que, por suas investigações estarem ligadas a suspeitos como foro privilegiado, ele deveria ser julgado pelo Supremo. As suspeitas contra Sarney surgiram após grampos clandestinos feitos contra ele pelo ex-presidente da Transpetro e ex-senador Sergio Machado que também envolveram outros dois senadores peemedebistas, Romero Jucá e Renan Calheiros. Na ocasião, veio a público a tentativa dos peemedebistas de frearem a Lava Jato.
Em uma das investigações, Sarney é suspeito de se juntar a Jucá e a Calheiros para elaborar um projeto de lei para impedir que suspeitos presos fizessem delação premiada. Na outra, ele é suspeito de receber propinas de 16 milhões de reais. O ex-presidente nega que tenha recebido propinas ou esteja envolvido nos crimes investigados pela Lava Jato.
Apesar de não ser contemplado por nenhuma das exigências que beneficiam as milhares de pessoas que têm direito ao foro privilegiado (aquele em que apenas tribunais podem julgá-lo), Sarney acabou recebendo esse benefício. Enquanto o ex-presidente Lula, não. O petista é réu em quatro processos e, até o momento, todos serão julgados pelo juiz Sergio Moro, o célere e rígido magistrado responsável pela Lava Jato na primeira instância. No caso de Lula, seus advogados já tentaram elevar os casos para o STF, mas não conseguiram porque a Corte entendeu que até o momento não foi comprovado o envolvimento de autoridades com essa prerrogativa.

Pelo fim do foro

Quando o STF se posicionou favoravelmente a Sarney, seu advogado, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que a decisão embasaria sua tese de que seu cliente não cometeu nenhum crime. “Como temos absoluta certeza de que a delação [de Sergio Machado] é falsa, oportunista e falaciosa, será fácil demonstrar neste único inquérito que o único crime foi cometido pelo Sergio Machado com a gravação criminosa, ilegal e imoral”, afirmou ao site Consultor Jurídico, especializado nesse tipo de cobertura.
O curioso, no caso de Kakay, é que ele mesmo já defendeu, mais de uma vez, o fim do foro privilegiado. A defesa enfática mais recente ocorreu nesta segunda-feira, em entrevista ao O Estado de S. Paulo. Diz o advogado de Sarney: “Tenho defendido a garantia de foro apenas a presidentes da República, do Supremo, do Senado e da Câmara”.
Nesse longo debate, outro que se beneficiará do foro o delator Sérgio Machado. Essa definição do STF coloca em evidência idas e vindas nem tão claras da corte constitucional brasileira. Quando do julgamento do mensalão petista, por exemplo, todos os envolvidos com autoridades com direito a foro foram julgadas pelo Supremo. Anos depois, quando a análise foi sobre o mensalão tucano, a decisão foi que só seriam julgados nesta instância os que tivesse esse benefício. Agora, voltam ao entendimento anterior, ao menos em parte.
“O problema do STF é que ele nunca estabeleceu um padrão. O Supremo não definiu esse padrão porque sabe que há um custo político por trás disso e, agora, parece que ele não quer pagá-lo”, afirmou o professor de Direito da Fundação Getúlio Vargas, Ivar Hartmann. Coordenador do projeto Supremo em Números, da FGV, Hartmann diz que a tentativa de manter os casos nesta Corte tem ao fundo uma esperança de que os crimes prescreverão com maior facilidade.
Um levantamento da FGV mostra que 68% dos processos envolvendo réus com foro privilegiado entre janeiro de 2011 e março de 2016 tiveram um fim que não se espera do Judiciário: os processos ou prescreveram ou foram enviados às instâncias inferiores e protelaram uma decisão. Para chegar a esses dados, os pesquisadores analisaram 404 ações penais que já tiveram alguma conclusão. A pesquisa foi antecipada por alguns veículos de imprensa há cerca de dez dias, mas ainda não foi publicada pela própria instituição, apesar de ter seu resultado confirmado.
Informações como essas reforçam o movimento que pede o fim do foro privilegiado para as autoridades. Atualmente, pelas regras constitucionais a gama de beneficiados por julgamentos distintos do cidadão comum é extensa. Mais de 22.000 pessoas só podem ser julgadas por colegiados, ou seja, por Tribunais de Justiça dos Estados, Tribunais Regionais Federais, Superior Tribunal de Justiça ou Supremo Tribunal Federal. Entre os beneficiados estão o presidente da República, seus ministros e seu vice, os governadores, os senadores, os deputados federais e estaduais, os ministros de tribunais superiores, os promotores de Justiça, os procuradores federais, os prefeitos e o procurador-geral da República.
Atualmente, há sete projetos de lei tramitando no Congresso sobre o tema. O que está em estágio mais avançado é a proposta de emenda constitucional (PEC) número 10 de 2013 para extinguir o foro especial em caso de crimes comuns. Aprovada em novembro do ano passado na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, ela aguarda que o presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), paute sua votação no plenário, algo que não tem data para ocorrer. Oliveira é um dos citados na Lava Jato.Sarney Lava Jato

Procurador deve enviar ao STF inquéritos contra políticos citados na delação da Odebrecht

Nome do senador Aécio Neves pode ser um dos envolvidos e FHC relativiza caixa dois.

O Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vai encaminhar ao Supremo Tribunal Federal (STF) nos próximos dias os primeiros nomes dos políticos acusados de corrupção com base na delação do fim do mundo, a série de depoimentos de executivos da Odebrecht que promete transformar de vez a Operação Lava Jato em um escândalo quase universal na elite política brasileira. Ao menos dois ministros do Governo de Michel Temer devem estar na lista. E já apareceram vazamentos na imprensa que dão conta de que o senador Aécio Neves, o ex-presidenciável tucano, pode ter sido delatado por um funcionário da construtora. A espera da nova "lista de Janot" já produz reflexos em Brasília, com o clima de "salve-se quem puder" instaurado. Enquanto o Planalto tenta desviar a atenção para pautas positivas, membros do PSDB relativizam o crime de caixa dois eleitoral.  
Na sexta-feira, o senador Aécio Neves, que concorreu nas eleições presidenciais de 2014, teve um  indicativo do que deve enfrentar com as delações. Benedicto Júnior, ex-presidente da Odebrecht, afirmou que Neves solicitou 9 milhões de reais a candidatos tucanos. Ele disse, ainda, que a Odebrecht doou 80 milhões de reais a campanhas por meio de caixa dois, ou seja, doações eleitorais não contabilizadas, metade por meio de uma cervejaria. Não está claro se parte desse dinheiro ilegal foi doado a pedido de Aécio, entretanto. A ironia do episódio é que foi o PSDB quem provocou o processo no qual Benedicto Júnior e outros delatores da Odebrecht falaram. O partido acionou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que avaliasse se a chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer, em 2014, cometeu irregularidades na campanha eleitoral. Os tucanos tentaram retirar o trecho em questão da ação, já que a investigação diz respeito à coligação petista. Mas, como Benedicto Júnior é um dos delatores da empresa na Lava Jato, é possível que a mesma declaração já esteja nas mãos de Janot, o que pode acabar em um inquérito a ser encaminhado ao Supremo.
Aécio Neves tem repetido que o depoimento não fala que ele pediu doações ilegais e que sua função, como presidente da legenda, era a de pedir doações a diversas empresas. Depois que o depoimento do ex-funcionário da construtora se tornou público, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso divulgou uma nota, em que disse que os adversários tucanos adotavam a estratégia de difundir "notícias alternativas" para confundir a opinião pública. "O senador não fez tal pedido. O depoente não fez tal declaração em seu depoimento ao TSE", ressaltou. "No importante debate travado pelo país distinções precisam ser feitas. Há uma diferença entre quem recebeu recursos de caixa dois para financiamento de atividades político-eleitorais, erro que precisa ser reconhecido, reparado ou punido, daquele que obteve recursos para enriquecimento pessoal, crime puro e simples de corrupção", afirmou. FHC disse ainda que a palavra de delatores, que devem implicar o PT, não é prova em si. O ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, outro dos delatores, afirmou também ao TSE que doou 150 milhões por meio de caixa dois para a chapa de Dilma/Temer. A ex-presidenta nega que tenha pedido recursos a ele.

Diferença legal e reforma da Previdência

O esforço de FHC em diferenciar o crime de caixa 2 de outros como enriquecimento ilícito deve ser a tônica nas próximas semanas, quando se espera que dezenas de políticos de matizes variados sejam tragados pelo escândalo. As delações de 78 ex-funcionários da construtora, que aceitaram contar detalhes do esquema em troca de penas mais baixas, prometem ser tão desastrosas porque devem revelar que a corrupção estava enraizada e espalhada para além do campo federal. Estados e municípios estavam igualmente envolvidos na troca de obras por propinas ou ajuda a campanhas eleitorais.
Desde o final do ano passado, o material está sob análise de Rodrigo Janot, que decidirá contra quem abrirá inquérito. Eles serão, então, encaminhados ao Supremo, responsável por analisar as acusações contra políticos com foro privilegiado. A nova "lista do Janot" será uma sequência da primeira relação de inquéritos apresentados pelo procurador em 2015, todos ligados à trama de corrupção da Petrobras investigados na Operação Lava Jato, que envolveram 54 políticos. A nova listagem deve contar com nomes dos atuais ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria-geral da Presidência, Moreira Franco, homens importantes do Governo federal.
Padilha já havia sido citado na delação, vazada em dezembro, de Cláudio Melo Filho, um dos executivos da construtora. Ele havia dito que repassou 10 milhões de reais ao advogado José Yunes, que até as revelações exercia o cargo de assessor especial da Presidência e depois renunciou. O pedido do dinheiro, que seria para a campanha do PMDB de 2014, teria partido do ministro da Casa Civil. Moreira Franco também foi citado três dezenas de vezes na delação de Melo Filho. No mês passado, ele se tornou ministro após um ioiô judicial como o que já havia ocorrido com Luiz Inácio Lula da Silva -ganhou, assim, foro privilegiado, levando seu caso para o Supremo.
Outros ministros-chave de Temer também podem ser afetados, abalando o Palácio do Planalto. Como reação, o Governo pretende começar a impulsionar suas pautas econômicas para tentar desviar o foco do que está por vir, conforme revelou a Folha de S.Paulo desta segunda-feira. Segundo o jornal, Temer pediu um esforço extra a parlamentares neste final de semana para que se consiga votar o projeto de terceirização e se acelere o processo da reforma da Previdência. Quer, assim, mostrar que o Governo não está paralisado.

Rodrigo Janot, em foto de novembro de 2016.d


Mais de 30% dos norte-americanos não são contra a separação do estado da Califórnia dos EUA, mostram os resultados da pesquisa de opinião pública, realizada pela organização Rasmussen Reports.

Os participantes da pesquisa responderam se os estados dos EUA têm o direito de se separar e formar um estado independente, bem como, de acordo com a opinião deles, a separação da Califórnia poderia ou não influenciar o país.

Protestos contra Donald Trump em Oakland, Califórnia, 9 de novembro de 2016
Mesmo às voltas com 5 processos judiciais, 2 deles no âmbito da Operação Lava Jato, o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva vê cada vez mais forte a possibilidade de se lançar candidato à Presidência da República em 2018.

Lula tem falado de sua possível candidatura em 2018 em diversas manifestações públicas em que confirma a retomada da atividade política. Ainda que eventualmente condenado, ele poderia impetrar recurso contra uma condenação em juízo de primeiro grau e aguardar decisão colegiada superior, de modo a definir seus rumos para o próximo ano.
Para o Deputado Federal Vicente Cândido (PT-SP), a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência em 2018 é a única saída para a crise em que o país está mergulhado:
"Temos pesquisas mostrando que 62% da população consideram Lula como grande favorito à Presidência da República na eleição do próximo ano, e ele está sendo vítima de perseguição política com tantos processos judiciais movidos contra o ex-presidente. Evidente que uma eventual condenação enfraqueceria seus planos de concorrer à Presidência, porém nem Lula nem nós, correligionários e dirigentes do Partido dos Trabalhadores, desistiremos da luta. Recorreremos a quantas instâncias forem necessárias para que possamos obter a absolvição de Lula e, assim, mantê-lo como candidato presidencial do PT em 2018. Fidel Castro disse, após a Revolução Cubana de 1959, que a História o absolverá. Da mesma forma, digo que a História absolverá o Presidente Lula."

O parlamentar considera que não há provas consistentes que levem a uma condenação de Lula:
"Até agora, nenhum testemunho, nenhuma acusação é suficiente para ameaçar a liberdade de Lula. Então, ele segue sendo o candidato natural do PT à Presidência da República."
Ainda de acordo com o Deputado Vicente Cândido, esta decisão será ratificada no Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores em junho. Cândido assegura que o PT não raciocina com nenhum outro nome para alcançar o Palácio do Planalto na eleição presidencial de 2018.
Ato pela democracia em São Bernardo do Campo

Em um comunicado de imprensa emitido no início desta semana, a empresa VimpelCom Ltd. revelou alguns dos seus planos para introduzir mudanças revolucionárias no mercado de telecomunicações.

A companhia disse que vai adotar o nome de VEON, de acordo com o nome de seu principal produto, e que pretende se estabelecer como uma alternativa para as aplicações de mensagens mais populares, ou seja, WhatsApp e Skype.

Este novo serviço planeja atrair milhões de clientes no futuro. Além de oferecer chamadas de vídeo e serviços de mensagens, o aplicativo será completamente gratuito, "permitindo que os usuários fiquem conectados independentemente do seu pacote de dados, mesmo quando você está sem saldo".

A empresa vai lançar o programa ainda neste ano em todas as regiões onde opera após o sucesso da VEON na Itália, onde ganhou milhões de usuários em apenas algumas semanas.

A empresa vai lançar o programa ainda neste ano em todas as regiões onde opera após o sucesso da VEON na Itália, onde ganhou milhões de usuários em apenas algumas semanas.
A VEON é anunciada como uma plataforma online que integra a análise de dados e inteligência artificial. Atualmente a empresa está desenvolvendo parcerias com as empresas mais reconhecidas para prestar serviços em diferentes mercados, inclusive transportes, música, finanças ou inovações. Assim, a empresa já confirmou acordos com a aplicação de séries Studio+, a plataforma de música Deezer e a empresa de cartões de crédito Mastercar
Aplicativo revolucionário pretende substituir WhatsApp

A Revolução de 27 de Fevereiro foi a primeira fase da Revolução Russa de 1917. Os movimentos daquele ano transformaram a Rússia e o mundo, e desde então têm repercutido intensamente também no Brasil. O especialista Diego Pautasso comenta.

O ano de 1917 foi atípico na História da Rússia. Então, o país que vivia sob a monarquia do Czar Nicolau II terminou radicalmente transformado, gerido por uma república socialista implantada por Vladimir Lenin e seus seguidores, entre os quais, Josef Stalin. 


No plano externo, a Rússia se via às voltas com a participação na Primeira Guerra Mundial. E, no plano interno, o país mudou de regime e de nome: o antigo Império Russo deu lugar à URSS, União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, ou, mais simplesmente, União Soviética.
A Revolução Comunista de 1917 foi realizada em duas etapas: a primeira em fevereiro daquele ano (ou março, conforme o calendário gregoriano ou juliano a ser considerado), e a segunda, em outubro (ou novembro, também de acordo com o calendário escolhido).

Na primeira fase, a do início do ano, a pretensão era a de substituir o governo autocrático de Nicolau Segundo por um regime mais liberal, comandado pelo Príncipe Georguy Livov e pelo Ministro da Defesa Aleksander Kerensky. O objetivo foi alcançado porém Kerensky ficou pouco tempo no poder, sendo afastado (na segunda fase da Revolução) por Lenin e seus seguidores.
Para o professor de Relações Internacionais Diego Pautasso, da Universidade do Vale dos Sinos e do Colégio Militar de Porto Alegre, RS, o movimento de 1917 acentuou as inúmeras contradições que havia na Rússia. Especialista em História Russa, Diego Pautasso explica à Sputnik Brasil o que representou para a Rússia a primeira fase da Revolução Comunista

"Esse primeiro movimento refletiu o acúmulo de contradições na Rússia. Do ponto de vista estrutural, o rápido desenvolvimento do capitalismo nas cidades tencionava acabar com as estruturas agrárias (feudais) e políticas (czaristas) arcaicas. Do ponto de vista conjuntural, a Primeira Guerra aprofundou os conflitos em função do desabastecimento, de reveses militares e divergências políticas. Trata-se de um período de transição em que o velho já morreu mas o novo ainda não tem forças para se estabelecer."

Para Diego Pautasso, o que se deu entre o início e o final do ano de 1917 na Rússia foi um período de transição até que o movimento liderado por Lenin se tornasse vitorioso:
"Esse período representa uma transição após o fim do czarismo. Um intervalo de conflito entre o Governo Provisório da Duma e o Soviete de Petrogrado para forjar outro ordenamento político (hegemônico) em meio à desorganização econômica e institucional. Há uma dualidade de poderes no país e uma crise política e paralisia institucional. Enquanto a Duma sob a liderança de Kerensky realiza reformas e recrudesce a repressão, os sovietes são atravessados por disputas políticas intestinas, mas crescentemente sob liderança bolchevique. O caos e a radicalização tornaram o Governo Provisório insustentável."
Mas o que, efetivamente, representou para a Rússia a queda do Império e sua subsequente substituição por uma República de linha esquerdista? O especialista Diego Pautasso responde:

"Imediatamente, representou a superação das estruturas feudais com a reforma agrária, a saída da guerra mundial, a estatização das fábricas, a autodeterminação dos povos não russos do antigo Império, entre outras medidas. Mas a questão central foi o conjunto de ações que norteou a primeira experiência socialista da humanidade e converteu a URSS numa superpotência – não obstante as contradições que levaram ao seu colapso entre 1989 e 1991."
O Professor Diego Pautasso acrescenta que "a experiência soviética teve repercussão no mundo todo. Impactou a formação dos Partidos Comunistas em todos os países, influenciou todas as lutas reivindicatórias e revolucionárias, moldou a Guerra Fria e a formação da noção de cidadania a partir de um conjunto de direitos (educação, saúde, moradia, trabalho, entre outros, como responsabilidade do poder público)". 
E no Brasil? "A formação do Partido Comunista, as greves, a luta por direitos foram inspiradas nas conquistas conseguidas na URSS", conclui Diego Pautasso. "Quanto a outros movimentos, como o próprio regime militar, eles se deram como oposição a esta experiência. Em suma, como destaca Domenico Losurdo [filósofo italiano de formação marxista], o movimento comunista, referenciado na experiência soviética, teve papel central na luta contra as três grandes discriminações do século XX: a racial, a de gênero e a de classe, bem como na construção dos Estados de bem-estar social."
Josef Stalin, líder soviético entre 1922 e 1953, foi um dos aliados de Vladimir Lenin na Revolução