Cineasta se dedica à produção de cacau biodinâmico e queijos de leite de búfala no sul da Bahia. Lá, o gado também é tratado com homeopatia.
Pode-se dizer que todo dia tem filme e documentário de Zelito Viana passando em algum lugar do mundo. E todo dia também tem gente consumindo produtos que saem da fazenda da família dele. Seja o próprio leite ou derivados do gado girolando, sejam iguarias de búfalas, seja o fino cacau biodinâmico.
A obra no cinema conta com vinte documentários e nove longa-metragens, alguns deles restaurados por ninguém menos do que Martin Scorcese, ganhador de Oscar e autor de muitos sucessos, como “O touro indomável”e “Táxi driver”. Pois esse premiado diretor é fã do grupo do qual Zelito Viana fazia parte, nos anos 60, e que deu origem ao movimento chamado cinema novo brasileiro. Aliás, o Zelito é o produtor de “Terra em transe”, o filme de Glauber Rocha, considerado subversivo e proibido pela ditadura e depois consagrado mundialmente.3 mil cabeças de gado e 3 mil hectares de fazenda
Mas partindo para a fazenda de Zelito em Itororó, no sul da Bahia, começamos com uma curiosidade: a tropa de cavalos dele tem sangue de garanhões que o Zelito ganhou do irmão, Chico Anysio. A fazenda tem três mil cabeças e a movimentação de rebanhos é intensa. O sistema de criação é o de pastejo rotacionado, com suplementação a cocho.
A propriedade é grande: tem três mil hectares. Aninhada entre duas serrinhas, é toda recortada de pastos, áreas agrícolas, com morros delicados em segundo plano. A sede centenária, a graciosa igrejinha, as ruas calçadas, as fachadas que lembram instalações industriais e comerciais falam de um passado fervilhante.
Cacau biodinâmico
O passo mais ousado que Zelito deu foi no cacau, o negócio embrionário do sogro do sogro quase um século atrás, na intenção de conquistar mercado lá fora. Para alcançar o propósito de exportar cacau de alta qualidade orgânico, biodinâmico, a fazenda contratou um suiço, Felipe Voucher, que era auditor ambiental na Suíça.
A fazenda trabalha já no sistema Cabruca, o modelo agroflorestal da Cooperativa dos produtores orgânicos do Sul da Bahia. A ele Felipe Voucher agrega os princípios biodinâmicos. Na serapilheira, o chão da mata, e na folhagem do cacau sombreado, ele aplica os preparados chamados de quinhentos e quinhentos e um.
Uma das práticas da biodinâmica usa o pó de sílica, que é o cristal triturado em um pilão de ferro. Pó que, em porções ínfimas, é dinamizado em água pura, de preferência, de chuva. Outro ingrediente básico está a um metro de fundura. O estrume enterrado se mineraliza e em pitadas minúsculas é usado na pulverização.
Na barcaça de secagem, Zelito e Vera namoram o cacau natural, que não leva adubo, nem o orgânico, nenhum veneno. Amargo no ponto, baixa acidez, amanteigado. O produto biodinâmico tem alcançado classificação de cacau fino ou gourmet. Neste ano, o cacau especial beirou as quinhentas arrobas.
6 mil litros de leite por dia e homeopatia
Matéria-prima pra esse chocolate especial não vai faltar: há décadas a cabana da ponte é referência em produção de leite. Tem lacticínio próprio. Tira em média seis mil litros por dia. Mas não é tudo que é certificado. A pecuária leiteira orgânica em grande escala tem desafios de custos que demandam anos para se superar. A produção de leite de búfala já está toda certificada. São mil litros por dia.
Doutor pela USP de São Paulo, onde tomou conhecimento dessa terapia alternativa, o veterinário baiano Jorge Del Rei foi quem migrou o rebanho da fazenda de alopático para homeopático. Lá tem de tudo para as tais doses infinitesimais dos preparados. Extratos indicados para combater carrapato, diárreia, febre tristeza, vermes… A diluição é feita em açúcar - orgânico, claro.
Veja no vídeo abaixo mais detalhes da reportagem.
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