Pesquisadores encontram árvore mais alta da Amazônia e dizem que 'até o momento' está salva das queimadas

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Com 88 metros de altura, árvore mais alta da Amazônia foi identificada por sensor remoto no Pará e, em agosto, expedição por solo encontrou exemplar da espécie Dinizia excelsa, também conhecida como Angelim Vemdlho.








A mais alta das árvores gigantes da Amazônia está dentro de uma unidade de conservação estadual de uso sustentável, a Floresta Estadual do Parú (PA) — Foto: Divulgação/Jhonathan dos Santos
A mais alta das árvores gigantes da Amazônia está dentro de uma unidade de conservação estadual de uso sustentável, a Floresta Estadual do Parú (PA) — Foto: Divulgação/Jhonathan dos Santos.
Enquanto diferentes partes da Amazônia pegavam fogo, uma equipe de 30 pessoas fazia uma perigosa viagem, primeiro de barco e depois a pé, em busca de uma árvore em especial na floresta que atraiu a atenção do mundo por causa das chamas.
Pesquisadores de diferentes países, moradores locais, bombeiros e um escalador estavam à procura da árvore mais alta da Amazônia brasileira já registrada.
Percorreram 220 quilômetros de barco e caminharam 10 quilômetros mata adentro até encontrarem um exemplar espécie Dinizia excelsa, também conhecida como Angelim Vermelho, dentro de uma unidade de conservação estadual de uso sustentável, a Floresta Estadual do Parú, no Pará.
A árvore tem 88 metros de altura – algo equivalente a um prédio de quatro andares. Sua altura é um recorde para a Amazônia brasileira, que ainda não tinha registrado nenhuma árvore com mais de 70 metros de altura.
A descoberta da equipe coordenada pelo professor Eric Bastos Gorgens, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), virou artigo na publicação acadêmica Frontiers in Ecology and the Environment, uma das mais conceituadas revistas de ecologia do mundo.


Professor Eric Gorgens, coordenador da pesquisa: 'Devido ao difícil acesso, a região (onde está a árvore mais alta) não é visada por madeireiros, agropecuaristas, nem garimpeiros. Até o momento' — Foto:  Divulgação/Jhonathan dos Santos
Professor Eric Gorgens, coordenador da pesquisa: 'Devido ao difícil acesso, a região (onde está a árvore mais alta) não é visada por madeireiros, agropecuaristas, nem garimpeiros. Até o momento' — Foto: Divulgação/Jhonathan dos Santos

Risco de queimada

A "gigante" da Amazônia estava intacta, bem longe dos focos de incêndios que alastraram por outras partes da floresta.
"O risco (de queimada) é praticamente zero. A região é muito remota, distante de qualquer concentração humana, a mais próxima está a 220 quilômetros", explica o professor da UFVJM. Ele coordenou a expedição, que contou também com pesquisadores das universidades de Oxford, Cambridge, Federal de Alagoas, Instituto Federal do Amapá, e Estadual do Amapá.
"Além disso, a árvore está numa região cercada por dois grandes afluentes do Amazonas, os rios Parú e Jari. Devido ao difícil acesso, a região não é visada por madeireiros, agropecuaristas, nem garimpeiros". "Até o momento", pondera o professor.
O exemplar da espécie Dinizia excelsa localizado pela equipe de Gorgens não é a única árvore gigante, apesar de ser a mais alta já registrada na Amazônia brasileira.

Sete áreas de 'árvores gigantes'

Antes de encarar a viagem pelo rio Jari, pesquisadores de universidades do Brasil, Finlândia e Reino Unido já tinham analisado dados de 594 coleções de árvores espalhadas por toda a Amazônia brasileira.
Usando uma espécie de "radar laser" que faz sensoriamento remoto, os pesquisadores identificaram sete regiões com árvores gigantes, todas com altura superior a 80 metros.
com altura superior a 80 metros.
Para validar as informações obtidas pelo sensor remoto, a expedição Jari-Paru foi realizada entre os dias 14 e 24 de agosto — Foto: Divulgação/Jhonathan dos Santos
Para validar as informações obtidas pelo sensor remoto, a expedição Jari-Paru foi realizada entre os dias 14 e 24 de agosto — Foto: Divulgação/Jhonathan dos Santos
"O que é extraordinário para a Amazônia brasileira, visto que não havia registros de árvores acima de 70 metros", diz o coordenador do projeto.
Seis dessas coleções estavam região do Rio Jari, entre os estados do Amapá e Pará, incluindo a gingante mor.
Para validar as informações obtidas pelo sensor remoto, a expedição Jari-Paru partiu da cidade de Laranjal do Jari, no Amapá.
Entre os dias 14 e 24 de agosto, as 30 pessoas da equipe se dividiram em quatro barcos para subir e descer o rio, enfrentando corredeiras e cachoeiras.
"A região do Jari é uma das regiões mais isoladas da Amazônia e o único contato da expedição com a civilização se dava por equipamentos SPOTs, um rastreador e comunicador por satélite para situações de emergência", conta o professor.
Localizaram outros exemplares de Argelim Vermelho, com diâmetros que variam de dois a três metros, espécie valorizada no mercado de madeira. A equipe escalou árvores para coletar material botânico e validar a altura. "Foram utilizadas técnicas que não machucam a árvore", explica o professor da UFVJM...



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