Em meio à turbulência causada pelo assassinato do general iraniano Qassem Soleimani em ataque dos EUA, o governo brasileiro participou da Conferência Ministerial Hemisférica de Luta contra o Terrorismo.
Representado pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, o Brasil participou da conferência e divulgou um comunicado condenando o terrorismo e afirmando o compromisso de combater organizações terroristas do Oriente Médio e das Américas ao final do evento. A declaração foi assinada de maneira conjunta por 18 países.
O secretário de estado norte-americano, Mike Pompeo, afirmou que grupos terroristas transnacionais, incluindo o Hezbollah, apoiado pelo Irã, ainda estão ativos no Hemisfério Ocidental.
O professor titular de História do Poder e da Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora, Carlos Teixeira da Silva, em entrevista à Sputnik Brasil, afirmou que os EUA buscaram aproveitar a reunião para angariar apoio na sua investida contra o Irã, vinculando o governo de Teerã ao terrorismo, mas destacou que este vínculo é difícil de estabelecer.
"Há uma acusação direta, na declaração final, contra a Al-Qaeda e o Daesh [organizações terroristas proibidas na Rússia e em uma série de países] e outras organizações terroristas que atuam principalmente no Peru e na Colômbia. O vínculo entre essas organizações e o Irã é muito difícil de estabelecer, principalmente porque o Daesh e a Al-Qaeda são organizações de orientação sunita, muito contrária à maioria da população e a orientação religiosa do governo de Teerã", argumentou.
De acordo com ele, há um "malabarismo semântico no documento que mostra uma dificuldade dos EUA de vincular o Irã ao terrorismo na declaração final".
O especialista observou que é muito difícil hoje em dia definir de maneira consensual o que é exatamente terrorismo.
"Nós não temos um consenso sobre o que é terrorismo. Inclusive no Brasil, embora nós tenhamos uma lei terrorista, a discussão sobre terrorismo é muito complexa e difícil de ser estabelecida com clareza", afirmou.
"A ideia de que se usa a violência e o terror para obrigar um governo, ou levar a sociedade a fazer alguma coisa, ou deixar de fazer alguma coisa, através do medo gerado pela violência política, é uma coisa muito questionável e muito difícil de ter consenso", completou.
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