Como surge cooperação russo-venezuelana e por que EUA querem retornar à Doutrina Monroe?

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A cooperação técnico-militar entre a Venezuela e a Rússia é legal e existe há mais de 18 anos, lembrou o analista em assuntos internacionais Sergio Rodríguez Gelfenstein à Sputnik Mundo.

Avião de bandeira russa no Aeroporto Internacional Simon Bolivar, em Caracas

O especialista sublinhou que a Venezuela estabeleceu essas ligações com Moscou depois que os EUA deixaram de enviar suprimentos militares para o país sul-americano.
Rodríguez Gelfenstein apontou que o acordo de cooperação entre a Venezuela e a Rússia data de 2001, quando o país, encabeçado naquela época por Hugo Chávez, "foi forçado a mudar o fornecedor de suas Forças Armadas". 
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© SPUTNIK / VITALY PODVITSKY
O analista lembrou que, quando Chávez chegou ao poder, "a maior parte do armamento das Forças Armadas venezuelanas era de origem norte-americana".
A oposição dos EUA em relação às políticas implementadas pelo chavismo fez com que a Venezuela logo enfrentasse restrições em usar o armamento ou obter peças sobresselentes.
"É nesse quadro que surge o grande convénio com a Rússia", disse o analista à Sputnik Mundo. O acordo, sublinhou, prevê "revisões permanentes" e permite a cooperação entre as Forças Armadas de ambos os países.
Assim, o Exército venezuelano participou de celebrações patrióticas russas, enquanto Moscou enviou delegações técnicas para trabalhar na Venezuela.
Uma dessas delegações visitou a Venezuela em dezembro de 2018 e outra em março deste ano. Para Rodríguez Gelfenstein, se trata de operações habituais no quadro do acordo, "embora a situação internacional, sobretudo depois de 23 de janeiro, tenha evoluído de forma tão rápida que há um questionamento de qualquer decisão que a Venezuela tome em matéria interna e internacional".
As relações da Venezuela com a Rússia e a China, por exemplo, são especialmente questionadas pelos EUA, disse o analista.
"Doutrina Monroe" foi o nome dado ao princípio da política exterior implementado a partir de 1823 pelo presidente estadunidense James Monroe, que considerava como uma "agressão" qualquer intervenção de um país europeu no continente americano. "A América para os americanos" é a frase que resume essa doutrina, segundo a qual os EUA interviriam antes de qualquer intervenção extracontinental.
Para o analista, a intenção dos EUA de regressar a essa política "é hoje aberta, patente e oficializada pelo conselheiro [John] Bolton".
Foi precisamente o conselheiro de Segurança dos EUA que declarou na sua conta no Twitter que o seu país “não tolerará a interferência de potências militares estrangeiras nos objetivos compartilhados do hemisfério ocidental: democracia, segurança e supremacia da lei. O Exército venezuelano deve apoiar o povo da Venezuela”.
Para Rodríguez Gelfenstein, as palavras de Bolton constituem “uma clara ameaça” para a América Latina e a participação de países como a Rússia e a China.

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