COVID-19! MUNDO: Em comício, Trump diz que mandou reduzir testagem nos EUA e afirma que Brasil 'não está bem' frente à pandemia

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Com público menor que o esperado, evento foi o primeiro da campanha de reeleição desde março; discurso foi marcado por ataques a Joe Biden e a manifestante.





Trump durante comício em Tulsa, no Oklahoma; ao fundo, é possível ver assentos vazios Foto: LEAH MILLIS / REUTERSTrump durante comício em Tulsa, no Oklahoma; ao fundo, é possível ver assentos vazios Foto: LEAH MILLIS / REUTERS






Trump durante comício em Tulsa, no Oklahoma; ao fundo, é possível ver assentos vazios Foto: LEAH MILLIS / REUTERS.

TULSA, EUA — O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump , participou neste sábado, em Tulsa, no Oklahoma, de seu primeiro comício desde 2 de março, antes da pandemia de Covid-19 se disseminar pelos Estados Unidos . Com um público abaixo do esperado, contrariando as expectativas presidenciais, Trump buscou reforçar sua campanha de reeleição com ataques a Joe Biden, candidato democrata à Presidência, e se vangloriar da resposta de seu governo à crise sanitária, amplamente criticada por especialistas.

Durante o discurso, o presidente disse que pediu para "reduzirem a testagem" para o novo coronavírus, algo considerado fundamental para que a pandemia possa ser controlada. Segundo Trump, quando testes são feitos em grande quantidade "você vai encontrar mais pessoas e mais casos" e até um jovem "fungando" será diagnosticado com a doença. Mais tarde, um funcionário da Casa Branca disse que o presidente estava fazendo "uma piada".

Trump disse ainda que salvou "milhões de vidas" ao paralisar a economia, interrupção da qual foi um dos maiores críticos. Citando o Brasil e a Suécia como exemplos, o presidente americano disse que o cenário poderia ter sido pior se tivesse adotado a estratégia de imunização coletiva ou de rebanho, em que os que sobreviveram ao vírus carregam imunidade e impedem o vírus de se disseminar:
— Perguntem como eles estão no Brasil. Não estão bem. E ele é meu amigo — disse Trump, se referindo ao presidente Jair Bolsonaro.

O uso de máscaras não foi obrigatório durante o evento e regras de distanciamento social também não foram respeitadas. Com mais de 2,2 milhões de casos e 119 mil mortes, os EUA são o país com mais casos e mais mortes por Covid-19, segundo a Universidade Johns Hopkins. Especialistas temem que o comício sirva de catalisador para uma explosão de novos casos na região. No início da semana, foi noticiado que a campanha de Trump exigiu que aqueles que comparecessem ao evento não a processassem se pegassem a doença.
O presidente esperava que seu discurso marcasse "a grande retomada" de sua campanha, e há alguns dias, chegou a afirmar que mais de 1 milhão de pessoas havia solicitado ingresso para o evento, realizado em uma arena de 19 mil lugares. Diversos assentos, no entanto, permaneceram vazios durante todo o discurso e a aparição do presidente em um segundo evento, em uma estrutura montada do lado de fora para aqueles que não conseguissem participar do comício, foi cancelada, já que não havia público para tal.
A campanha de reeleição culpou a imprensa por assustar os eleitores com temores sobre uma possível segunda onda de Covid-19 e manifestações antirracistas e contrárias a Trump. Durante o comício, o presidente chamou os presentes de "guerreiros" por comparaceram ao evento mesmo com "pessoas muito ruins do lado de fora", a quem se referiu como "um punhado de maníacos". O número de manifestantes anti-Trump no local, entretanto, também foi pequeno e, até a noite de sábado, havia poucos relatos de desentendimentos.
O  foco do discurso de 1h40, no entanto, foi Biden, que lidera as intenções de voto com uma margem de 11 pontos percentuais. Trump se referiu ao seu adversário como "incorrigível fantoche da esquerda radical" e "fantoche da China" e disse que o país será "destruído" caso o ex-vice-presidente venha a ser eleito:
— Eles irão expulsar qualquer um que discorde deles. Eles te chamam de racistas, eles não gostam de sua religião, eles não gostam de sua religião — disse o presidente à plateia, citando em diversos momentos lideranças políticas da ala esquerda do Partido Democrata, como as deputadas Ilhan Omar e Alexandria Ocasio-Cortez.

Tensões raciais

Trump pouco falou sobre as tensões raciais nos Estados Unidos e não citou, em nenhum momento, o assassinato de George Floyd, asfixiado por um policial branco no dia 25 de maio, estopim para os protestos contra o racismo. O presidente preferiu defender as polêmicas estátuas de colonizadores, exploradores e traficantes de pessoas escravizadas, que vêm sendo derrubadas durante as manifestações:

— Eles querem destruir nossa herança para que possam substituí-la por seu novo regime opressivo  — disse o presidente, culpando a "a insana máfia da extrema esquerda" e afirmando que aqueles que queimarem bandeiras deveriam "ir para a prisão por um ano".
Acentuando sua disputa verbal com Pequim, Trump voltou a se referir ao vírus de modo racista, chamando-o de "vírus kung" e "vírus chinês". Contrariando as diretrizes de saúde, Trump disse ainda que apertou as mãos de alunos que se formaram na West Point porque queria parabenizar "essas bonitas pessoas jovens" e criticou a cobertura da mídia sobre a visita, que noticiou seu andar cambaleante enquanto descia do palco.
Ao longo das últimas semanas, a escolha de Tulsa e a data do comício foram alvo de críticas de aliados e adversários, sendo vistas como provocações ao movimento contrário ao racismo que toma conta dos EUA. A cidade em Oklahoma foi palco, em 1921, de um dos maiores massacres raciais da História americana, quando 300 pessoas negras foram assassinadas. Hoje, cerca de 15% dos 400 mil habitantes de Tulsa, cidade historicamente republicana, são negros.

A data original do evento de Trump, por sua vez, era sexta-feira, coincidindo com o Juneteenth, quando se comemora o fim da escravidão nos EUA. Pressionado, Trump decidiu postergar o comício, justificando que muitos de seus amigos e apoiadores negros lhe sugeriram o adiamento como um sinal de respeito. Para marcar a data, milhares de pessoas marcharam pelos EUA na sexta-feira, com protestos nas cidades de Nova York, Los Angeles, Washington e Atlanta.


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