Propondo novos olhares e experiências estéticas no campo das artes visuais, a Galeria Trapiche, equipamento cultural da Prefeitura, integrou a programação da 11ª Aldeia Sesc Guajajara de Artes, com exposição, roda de conversa e intervenções em diálogo com o tema do evento deste ano, a antropofagia, que se propõe a um novo repertório de ações, perspectivas e estratégias de difusão cultural.
Durante todo o período da Aldeia, 2 a 8 de dezembro, os visitantes da Galeria Trapiche puderam conferir a exposição "Tempo de Almanaque", que ficará em cartaz até o dia 16, aberta à visitação, no horário das 9h às 18h, exceto finais de semana e feriados, e com visitas mediadas agendadas pelo e-mail galeriatrapicheslz@gmail.com.
Na última terça-feira (6), a professora do Colun-UFMA e pesquisadora Beatriz de Jesus Sousa facilitou uma roda de diálogos dentro da exposição trazendo a temática de gêneros. "Os almanaques sempre tiveram nas mulheres o seu principal público leitor e muitas capas foram dedicadas ao universo feminino. Esses periódicos influenciaram fortemente o comportamento social das pessoas, ditando o que elas deveriam agir. As conquistas das mulheres também acompanharam as capas dos almanaques, cada vez mais o universo feminino foi exaltado por eles", destacou Beatriz.
Ainda segundo a professora, a rotina constrói o que entendemos por gênero. "As pessoas que não são vistas dentro do que é dito como 'normal', acabam se sentindo uma aberração. Os almanaques dão significado ao masculino ou feminino, determinando o gênero de uma questão biológica e somos nós, em nossa rotina, que legitimamos isso. Essas publicações tinham uma grande circulação e chegavam a muitos lugares, influenciando diretamente comportamentos por gerações", finalizou.
INTERVENÇAO
Do debate de ideias para a ação nas ruas. Enquanto acontecia a roda de diálogos sobre gênero dentro da Galeria Trapiche, um grupo de mulheres que formam o Coletivo Linhas bordavam croché no meio da Praça Nauro Machado e conversavam sobre suas histórias de vida, afetividades com linha e agulha na mão, nas tardes de terça (7) e quinta (9), durante a programação da Aldeia Sesc.
Formado por oito mulheres de diferentes profissões, o coletivo surgiu como proposta de criação artística com uso do croché no formato 'site specific' (sítio específico), proposições de trabalhos em determinados lugares e momentos escolhidos pelos artistas que podem acontecer em praça pública, acompanhando um processo de transformação na natureza ou até mesmo como forma de alerta para preservação do patrimônio e o cuidado com a cidade, que, no caso, tem sido o foco de atuação do coletivo.
O grupo se reúne desde o mês de junho de 2016, todos os sábados, e já realizou intervenções em quatro lugares diferentes da cidade e que podem ser vistos na Rua da Palma (intervenção de flores na fachada de um casarão abandonado), na Praça Nauro Machado (Bolsão de Livros instalado numa árvore e que funciona como espaço de troca de livros), na esquina da Rua da Alfândega com a Rua do Beco Catarina Mina (Peixinhos de croché que atravessam a rua entre uma calçada e outra) e na Rua Portugal (azulejos de croché tapando espaços onde haviam azulejos que foram roubados ou danificados).
De acordo com a diretora da Galeria Trapiche e integrante do Coletivo Linhas, Camila Grimaldi, estas ações têm ampliado o campo de atuação do próprio equipamento cultural ao propor visualidades que ultrapassam o espaço físico da galeria. "O trabalho no coletivo tem duas intenções bem definidas: uma delas é experimentar propostas de visualidades e elaboração estética com uso da linha de croché e realizar os encontros dentro da galeria é uma forma também de estimular esse contato com o equipamento cultural e sua programação de exposições, a outra é criar um mapa de territórios e lugares que queremos provocar a atenção do olhar para ver a beleza onde há degradação do patrimônio", finalizou Grimaldi.
A 11ª Aldeia Sesc Guajajara de Artes realizou em sete dias de programação diversas atividades nas áreas de Artes Cênicas e Visuais, Música, Cinema e Literatura.
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