Estudo publicado na revista do instituto revela que quatro semanas antes do registro do primeiro caso – o de um italiano que chegou da Europa, em 26 de fevereiro – o vírus já se espalhava pelo país, em contaminação comunitária.
O Instituto Osvaldo Cruz (FioCruz) divulgou nesta terça-feira, 12, estudo que aponta a presença do coronavírus no Brasil já na primeira semana de fevereiro, ou quatro semanas antes do carnaval.
O primeiro caso oficial no Brasil foi registrado em 26 de fevereiro; tratava-se de um italiano que voltava do seu país para São Paulo e foi diagnosticado com a coVID-19.
Mas, segundo o trabalho, publicado na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, o vírus já estava no Brasil e atuou durante todo o carnaval, que se deu entre os dias 19 e 22 de fevereiro.
Os estudiosos classificam este período de “período de transmissão comunitária oculta” e reforçam a importância de medidas sanitárias assim que os primeiros casos importados surgirem.
– A intensa vigilância virológica é essencial para detectar precocemente a possível reemergência do vírus, informando os sistemas de rastreamento de contatos e fornecendo evidências para realizar as medidas de controle apropriadas – diz o pesquisador do Laboratório de Aids e Imunologia Molecular do IOC/Fiocruz, Gonzalo Bello, coordenador da pesquisa.
Para chegar a estas conclusões, a Fiocruz utilizou metodologia estatística de inferência, a partir dos registros de óbitos. Isso indica que, enquanto os países monitoravam os viajantes e confirmavam os primeiros casos importados da Covid-19, a transmissão comunitária da doença já estava em curso.
A pesquisa é a primeira a apontar o período de início da transmissão comunitária no Brasil e reforça evidências preliminares de pesquisas conduzidas na Europa a partir de análises genéticas.
Corrobora ainda achados de estudos realizados nos Estados Unidos, que indicaram começo da propagação viral na cidade de Nova Iorque entre 29 de janeiro e 26 de fevereiro.
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