Na semana passada foi inaugurado um centro de pesquisas inédito responsável por realizar estudos de combate de pragas na agricultura com o uso de insetos, fungos, bactérias e vírus.
O centro recebeu o nome de o São Paulo Advanced Research Center for Biological Control (SPARCBio) e a sua sede fica localizada na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), em Piracicaba, interior de São Paulo.
Em entrevista à Sputnik Brasil, José Roberto Postali Parra, diretor do SPARCBio, disse que o objetivo do centro de pesquisas é criar uma agricultura que possa, em alguns casos, substituir os agrotóxicos.
"Nós pretendemos criar esses insetos e esses microrganismos de tal forma que consigamos restituir o equilíbrio que existia antigamente. Esse é o nosso objetivo, trabalhar com esses organismos para que tenhamos uma agricultura limpa, e sempre que possível em substituição aos químicos convencionais", explicou.
Segundo José Roberto Postali Parra, o Brasil vive uma "cultura de aplicação de químicos".
"O Brasil tem uma cultura de químicos, muitas vezes é difícil mudar essa cultura e é isso que nós vamos tentar", afirmou.
José Roberto Postali Parra explicou que a aplicação destes agentes de controle biológico poderá ser feita por meio de drones.
"Este ano vão ser aplicados em cana-de-açúcar insetos benéficos que nós chamamos de Trichogramma galloi, que é uma vespinha que parasita os ovos da Broca da cana, uma praga. Essa vespinha foi aplicada este ano em dois milhões de hectares no Brasil, sendo que 91% dessas vespinhas foram liberadas por drones. Os drones começam a ser utilizados e já são uma realidade", contou Parra.
O diretor do SPARCBio disse que os drones podem auxiliar também nos levantamentos para detectar se há necessidade da aplicação do controle biológico.
"Os levantamentos começam a ser feitos por sensores remotos. O próprio drone pode passar por cima da cultura, tirar fotos e ver qual é a população da praga indicando qual é o momento da utilização [do controle biológico]", completou.
José Roberto Postali Parra também destacou o aumento do uso de controles biológicos que vem acontecendo no Brasil.
"O Brasil está aumentando a utilização na ordem de 10% a 15% ao ano, maior do que o crescimento do controle biológico no mundo. Mais ou menos 10 milhões de hectares foram tratados com controle biológico neste último ano, com uma movimentação de R$ 500 milhões", disse.
José Roberto Postali Parra defende que o uso de controle biológico pode ajudar a diminuir os problemas causados pelos agrotóxicos.
"Nós realmente achamos que esta é uma medida de controle muito interessante que vai evitar os problemas dos agroquímicos, que são os desequilíbrios biológicos: intoxicações ao aplicador, resíduos nos produtos, na água, no solo", destacou.
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