Chefe da ONU acusa governo Bolsonaro por retrocessos na política ambiental

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A chefe de direitos humanos da ONU acusou o Brasil e os Estados Unidos de "reverter" a proteção ambiental, ao mesmo tempo em que elogiou a União Europeia (UE) por tomar "ações ambiciosas" para reduzir as emissões.
"A proteção do meio ambiente é fundamental para o gozo de todos os direitos humanos", disse Michelle Bachelet ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra.
"Os EUA estão [...] revertendo as proteções ambientais, inclusive para cursos de água e pântanos. Poluentes não tratados agora podem ser despejados diretamente em milhões de quilômetros de córregos e rios, colocando em risco ecossistemas, água potável e saúde humana", acrescentou.
No ano passado, o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, revogou os regulamentos hidroviários adotados por seu antecessor Barack Obama, em uma medida amplamente condenada por conservacionistas, mas celebrada por agricultores e incorporadores.
Bachelet explicou que medidas para enfraquecer os padrões de emissão de combustível e diminuir a regulamentação sobre as indústrias de petróleo e gás nos EUA sob Trump "também podem prejudicar os direitos humanos".
A chefe de direitos humanos da ONU, ex-presidente do Chile, também questionou os EUA sobre suas políticas de migração, dizendo que "levantam preocupações significativas sobre direitos humanos".
"Reduzir o número de pessoas que tentam entrar no país não deve ser desconsiderado as proteções de asilo e de migrantes. A situação das crianças detidas é uma preocupação particular", complementou.

Bachelet critica Bolsonaro

Em relação ao Brasil, ela apontou "retrocessos significativos de políticas para proteger o meio ambiente e os direitos dos povos indígenas", sob o presidente Jair Bolsonaro.
Vista aérea de queimada na Floresta Amazônia, vista à partir da cidade de Porto Velho, capital de Rondônia
© FOLHAPRESS / ANDRÉ CRAN
Vista aérea de queimada na Floresta Amazônia, vista à partir da cidade de Porto Velho, capital de Rondônia
Bolsonaro, um cético das mudanças climáticas, tem sido amplamente criticado por diminuir as restrições à exploração das vastas riquezas da Amazônia, levando ao desmatamento acelerado da floresta tropical.
Em contrapartida, Bachelet deu as boas-vindas à "liderança" da UE em meio ambiente através da adoção de um plano de "Acordo Verde" para financiar seu objetivo de tornar o bloco neutro em carbono até 2050.
"[O acordo] combina ações ambiciosas na UE com uma forte dimensão de ação externa, envolvendo tanto a diplomacia climática quanto a ajuda à cooperação verde", destacou.
"A implementação deste plano promoverá bastante o desfrute do direito a um ambiente saudável, e eu incentivo medidas sociais fortes para garantir que apenas as transições não deixem ninguém para trás", concluiu Bachelet.

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