Especialistas respondem à pergunta: Bolsonaro é uma ameaça à democracia?

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Bolsonaro durante cerimônia de recepção na China.
© REUTERS/ Florence Lo.


Um artigo publicado pelo deputado David Miranda (PSOL-RJ) no jornal The Guardian está gerando discussões na internet.
No texto, o deputado afirma que o presidente do Brasil Jair Bolsonaro quer acabar com a democracia no Brasil.
Em seu artigo ele cita as supostas ameaças que, segundo David Miranda, integrantes das Forças Armadas e da ala bolsonarista fizeram ao Supremo Tribunal Federal (STF) nas discussões sobre prisão em 2ª instância que acabaram levando à soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em entrevista à Sputnik Brasil, André Rodrigues, cientista político e professor da UFF (Universidade Federal Fluminense), diz que o texto de David Miranda acerta ao dizer que a democracia brasileira está ameaçada sob o governo Bolsonaro.
"Os elementos citados pelo David Miranda no artigo no The Guardian são corretos. A gente tem uma família que vive recorrendo a uma reinterpretação dos anos da ditadura militar como algo que não representou uma ditadura, uma família que opera pela lógica da contramão da história constantemente", afirmou.
Já para Augusto Cattoni, cientista político e pesquisador do Instituto Atlântico, não há qualquer tipo de ameaça à democracia na presidência de Jair Bolsonaro.
"Totalmente ridícula essa declaração [do David Miranda], isso não está no horizonte de forma alguma no Brasil neste momento. O presidente Bolsonaro até hoje não demonstrou qualquer inclinação ao totalitarismo, autoritarismo", disse à Sputnik Brasil.
Em uma das passagens do texto, David Miranda também cita o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e uma recente agressão sofrida pelo seu marido, o jornalista Glenn Greenwald, em um programa na Rádio Jovem Pan.
Segundo André Rodrigues, Bolsonaro e sua família desrespeitam às instituições brasileiras.
"Um governo cujo o presidente não é dado ao diálogo, trata a imprensa como trata, não tem respeito pelas instituições, desafiou o Supremo Tribunal Federal. (...) Quer dizer, não é que a democracia brasileira que está sob ameaça, a democracia brasileira está em plena corrosão. A gente tem um governo eleito, mas que na prática não é um governo democrático", analisou.
Já Augusto Cattoni diz que as instituições brasileiras estão fortes e não iriam permitir qualquer ruptura.
"As instituições estão fortes, resistirão qualquer tentativa de impor ao Brasil qualquer forma ditatorial. Ninguém quer isso no Brasil atualmente. Nem o presidente Bolsonaro, nem o Legislativo, nem a maioria do Judiciário", comentou.
David Miranda recebeu 17.356 votos, o equivalente a 0,22% dos válidos e assumiu o mandato após o ex-deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) renunciar ao cargo. Ele é casado com o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil.
As opiniões expressas nesta matéria podem não necessariamente coincidir com as da redação da Sputnik

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