O prefeito de São Luís, Eduardo Braide (Podemos), tem diante de si um verdadeiro “presente de grego”, deixado pelo antecessor, Edivaldo Holanda Júnior (PDT). Trata-se do inevitável realinhamento da tarifa do transporte coletivo, que deveria ter sido aplicado em setembro de 2020, conforme prevê o contrato da licitação do serviço, em vigor desde 2017, mas não foi tratado como prioridade, tantas eram as questões a resolver pelo antigo gestor no final do mandato.
Na época, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís (SET) chegou a oficializar um pedido de reposição de R$ 0,30 (trinta centavos) do preço da passagem de ônibus, o que resultaria na elevação para R$ 4,00 (quatro reais) da tarifa mais alta – a mais baixa custa R$ 3,20 (três reais e vinte centavos).
Acontece que passados quase cinco meses desde a solicitação do SET e pouco menos de dois meses da posse de Braide como prefeito de São Luís, alguns fatos novos tornam não só inevitável e urgente o realinhamento tarifário, como impõem a necessidade de recálculo do percentual de reajuste da passagem inicialmente apresentado.
Diesel disparou
Um deles é a alta do preço do óleo diesel, combustível que abastece a frota de coletivos da capital e de toda a região metropolitana. Como o valor do insumo disparou nas bombas, após sucessivos aumentos implementados pela Petrobras nas refinarias, as empresas e consórcios que detêm as concessões das linhas de transporte público da Ilha de São Luís viram seus ganhos ficarem ainda mais defasados, com risco iminente de queda brusca da qualidade dos serviços.
Outro fator que torna inevitável a readequação da tarifa é a ampliação de uma para duas horas do Bilhete Único, benefício instituído pela gestão passada que permite aos usuários de ônibus se locomoverem para diferentes destinos por determinado período pagando uma só passagem. A duplicação do tempo para uso do Bilhete Único, concedida no apagar das luzes da administração de Edivaldo, também impactou o sistema.
Para completar, está se aproximando a data-base dos rodoviários, o que obriga as empresas a repor, pelo menos, as perdas inflacionárias sofridas pela categoria em seus salários no último ano. Este, certamente, é mais um fator a pressionar o preço da tarifa de ônibus de São Luís, que, por sinal, é a mais baixa dentre todas as capitais brasileiras.
Caso semelhante
Em meio ao impasse, vale citar que várias cidades já paralisaram o serviço de transporte público, como a vizinha Teresina. Para piorar, há capital piauiense não há, até agora, perspectiva de retorno da circulação dos ônibus, já que a prefeitura local deve mais de R$ 10 milhões em subsídios às empresas do setor.
Ao prefeito Eduardo Braide, cabe buscar o melhor para a população, o que inclui, além de uma.passagem de ônibus justa e acessível, atuar para garantir o direito pleno e legítimo à mobilidade, proporcionando ao serviço meios para subsistir e livrando-o da ameaça de um colapso.
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