Depois da morte de Lênin, em 1924, o governo soviético foi assumido por uma troica composta por Stalin, Zinoviev e Kamenev (veteranos bolcheviques). Logo depois, Stalin conseguiu investir-se do poder absoluto e comandar a URSS por 30 anos. Aliás, a falta de alternância de poder sempre foi uma tradição nos países socialistas. Em 1936, Stalin determinou a execução dos seus dois ex-companheiros de breve triunvirato. Em russo, Stalin significa “homem de aço”.
Após a ascensão de Stalin, a URSS foi transformada em um inexpugnável big brother. A propósito, o livro “1984”, de George Orwell, reporta-se a um governo autoritário que submete os cidadãos a uma vigilância onipresente por parte do Grande Irmão (personagem que simboliza os governantes). Frequentemente a população era advertida com o slogan de propaganda ideológica do Estado: “O Grande Irmão está te observando”. O domínio opressivo se impunha por meio da ameaça, da repressão e do terror. A similaridade com o estado kafkiano da URSS não é mera coincidência (como mostra o filme O processo, de Orson Welles).
Para garantir a obediência cega dos súditos do império soviético, Stalin instaurou um estado policial, mediante um regime político duro, totalitário, cruel e sanguinário. À semelhança dos ditadores nazifascistas, implantou a cultura do medo e da delação entre os membros do partido comunista e no seio da sociedade soviética. Vizinhos amedrontados eram coagidos a denunciar supostos “inimigos do povo” à KGB e outros órgãos de repressão política do establishment. As pessoas tinham que atuar como informantes compulsórios do estado leviatã bolchevista (recomenda-se o filme O círculo do poder).
Sua personalidade psicótica não admitia ser contrariada ou contestada. Stalin era autossuficiente e se bastava a si mesmo. Não conseguia conviver com a adversidade e divergência de opiniões. Agia movido pela mentalidade do confronto. Ruminava antagonismo o dia inteiro. O tempo todo ele necessitava de embate, conflito, contraposição. Desconfiava até dos mais íntimos acólitos que compunham o núcleo duro do poder no Kremlin.
Stalin nutria uma obsessão contínua com inimigos reais ou imaginários. Todos eram suspeitos o tempo todo de complô contra o seu poderio e sua governança. Em sua histeria paranóica, enxergava uma conspiração em cada esquina e acusava até mesmo a própria sombra de traição.
A ditadura do proletariado, teorizada por Marx, Engels e Lênin, é uma fase de transição entre o capitalismo e o comunismo, após a derrubada do estado burguês. Nessa etapa da revolução, a classe operária exerceria o controle do poder político. A ditadura do proletariado foi concebida em oposição à “ditadura da burguesia”. Porém, sob o domínio de Stalin, a classe trabalhadora que deveria ser emancipada foi reduzida a uma massa passiva, intimidada, silenciosa e aterrorizada. Assim, a ditadura do proletariado desvirtuou-se para uma “ditadura sobre o proletariado”, conspurcada por um déspota que se julgava o “guia genial dos povos”
Indivíduo de natureza tirânica e brutal, Stalin tornou-se um novo soberano, governando com mão de ferro um império que se estendia da Europa até os confins da Ásia, constituído por 15 repúblicas. “O povo russo não vive sem um czar”, bradava ele aos seus camaradas. Concentrando um poder ilimitado, reinava como um autocrata Romanov, transformando-se num verdadeiro czar vermelho.
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