A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) disse hoje à Sputnik que a lama de rejeitos de minério de ferro da barragem da Vale que se rompeu em Brumadinho (MG) ainda está distante da hidrelétrica de Três Marias, no rio São Francisco, e, por isso, não houve necessidade de qualquer ação mais efetiva para evitar a contaminação do Velho Chico.
Relatórios iniciais sobre as consequências do desastre ocorrido no final de janeiro davam conta de que os poluentes resultantes do rompimento da barragem do Complexo do Feijão poderiam chegar neste final de semana à hidrelétrica de Três Marias. No entanto, o boletim divulgado na noite de ontem pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) revela que a presença de sedimentos provenientes da área do incidente só foi confirmada "em trechos mais próximos ao acidente.
Em decorrência dessa análise, a Cemig, responsável pela usina de Três Marias, explicou que tudo que tem a fazer até o momento é monitorar a situação, para, só depois, definir as providências a serem tomadas.
"A Cemig está acompanhando, monitorando a
qualidade da água, para tomar as medidas necessárias. Mas, até o
momento, não foi necessária nenhuma ação", disse o serviço de
comunicação da empresa à Sputnik Brasil. "Estamos nos preparando para
saber se vai chegar e como vai chegar, qual vai ser a quantidade e a
composição", acrescentou, explicando que a análise dos riscos dependerá
desses fatores.
Até o momento, os rejeitos provenientes de Brumadinho ainda nem
chegaram à Usina de Retiro Baixo, no baixo curso do rio Paraopeba, entre
os municípios mineiros de Curvelo e Pompéu, que seria a primeira a ser
atingida. Embora a Sputnik não tenha conseguido uma declaração oficial
da administradora, uma gerente da companhia disse em conversa
extraoficial que, apesar da expectativa inicial de que a lama fosse
chegar rapidamente à hidrelétrica, nenhum composto diferente foi
observado na região até o momento."Tem essa previsão, mas todas as previsões que estão fazendo… não estão acontecendo", afirmou, explicando não ter recebido informações da direção sobre essa possibilidade ou sobre os riscos a serem considerados.
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Foto : Cemig
Além do monitoramento que está sendo feito pelo Serviço Geológico do Brasil em parceria com o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e a Agência Nacional de Águas (ANA), as águas do Paraopeba e do São Francisco também serão submetidas a uma nova abordagem de análise por parte de pesquisadores da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) a partir da próxima semana. Segundo a assessoria de imprensa da Fundaj, esse método, criado pelo cientista Nelson Freire — que segue para Três Marias na próxima segunda-feira, junto com a pesquisadora Beatriz Mesquita —, detecta diferenças de energia eletromagnética na água para diferenciar a porção limpa da porção contaminada nos rios.
"A gente consegue saber até onde está indo a contaminação. Vamos buscar as datas mais recentes e acompanhar o deslocamento dos rejeitos no rio", conta Freire, citado no site da Fundaj. "Segundo ele, baseando-se em parâmetros físicos, é possível ver o momento em que a lama toca na água e até onde ela se estende", escreve a assessoria da fundação.
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