No final da década de 1970, a política de São Luís foi marcada pelo protagonismo isolado de Lia Rocha Varella como mulher investida na representação popular. Embora não tenha sido a primeira vereadora eleita da capital, posição que coube a Maria de Lourdes Diniz Machado (1950), Lia foi a pioneira na ocupação das chefias dos poderes legislativo e executivo locais.
Professora normalista, advogada, servidora da Justiça Federal do Maranhão, foi por três vezes presidente da Câmara Municipal, chegando a exercer nessa condição o cargo de prefeita interina de São Luís, a primeira mulher a ocupar uma prefeitura de capital brasileira (1978). Foi também deputada estadual e presidente da União de Vereadores do Brasil (UVB) em 1979.
As professoras Diomar das Graças Motta (UFMA) e Maria do Socorro Coêlho Botelho (IFMA), em pesquisa intitulada “A professora afrodescendente na política ludovicense”, publicada nos anais eletrônicos do Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13thWomen’s Worlds Congress, destacaram o seguinte sobre a ruptura de Lia Varella com o padrão de invisibilidade da mulher negra: “(…) com a sua envergadura, na presidência da Câmara Municipal, decorridos quase quarenta anos, até hoje, permanece como a primeira e única mulher a ocupar este cargo”.
Por essas razões, a Câmara Municipal de São Luís instituiu em caráter permanente o Prêmio Lia Varella, através da Resolução nº 004/2018, de autoria do então vereador Ricardo Diniz, a ser concedido anualmente às mulheres que tenham se destacado profissionalmente ou prestado relevantes trabalhos sociais na cidade, com o objetivo de valorizá-las no contexto da cidadania e da conquista da igualdade.
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