Polícia Civil ja fez buscas por João de Deus em mais de 30 endereços

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Além de Goias, corporação também realizou tentativas de localiza-lo em outros estados. Medium teve prisão decretada na sexta após mais de 300 relatos de abuso sexual, mas nega os crimes


A Polícia Civil já realizou buscas para tentar prender João de Deus em mais de 30 endereços, segundo fontes da Polícia Civil de Goiás. Ele é procurado desde sexta-feira (16), quando um juiz expediu um mandado de prisão após mais de 300 mulheres relatarem terem sido abusadas sexualmente pelo médium. Ele nega.
Fontes com acesso à investigação dizem que ele pode ter saído do país. Mas a promotora responsável pelo caso, Gabriella de Queiroz Clementino, afirma que não há "nada concreto" sobre isso.
"Não temos nada concreto em relação a ele ter saído do país. É só um receio. Não temos informação a respeito disso", afirmou Gabriella neste sábado.
G1 tenta, desde às 7h30 deste domingo (16), falar com o advogado de João de Deus, Alberto Toron, tanto por telefone como via mensagem de texto. No entanto, não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
A defesa e a polícia afirmam que estão negociando a apresentação voluntária de João de Deus às autoridades. O Ministério Público de Goiás considera o médium foragido, mas a Secretaria de Segurança Pública de Goiás discorda, pois a ordem de prisão não estabeleceu prazo para que se entregasse.
A prisão determinada pela Justiça é preventiva. Não significa que o médium já tenha sido julgado.

Tentativa de ocultação de patrimônio

O MP diz que João de Deus pode ter tentado ocultar patrimônio, e que isso levou o órgão a acelerar o pedido de prisão do líder religioso. Segundo o jornal "O Globo", as investigações apontam que o líder religioso retirou R$ 35 milhões de contas e aplicações financeiras desde que as primeiras denúncias de abuso vieram à tona.
“A gente já tem informações de que há providências do investigado buscando ocultar patrimônio. Este fato está sendo apurado e todas as medidas cabíveis estão sendo tomadas pelo MP-GO”, disse a promotora Gabriella de Queiroz Clementino.
“Claro que esta notícia de ocultação e patrimônio reforça ainda mais os fundamentos da prisão”, afirmou.
Sobre a questão, o advogado do médium disse que desconhece qualquer retirada de dinheiro. "Isso é da economia dele. Eu não tenho a menor informação a respeito disso. Nunca perguntei e nunca fui informado", afirmou.
A força-tarefa do Ministério Público divulgou que já recebeu 335 mensagens e contatos por telefones de mulheres que denunciam o médium por abuso sexual. Os relatos chegaram de pessoas de seis países diferentes, além de 13 estados do Brasil e o Distrito Federal.

Última visita à Casa

Na manhã de quarta-feira, João de Deus compareceu à Casa Dom Inácio de Loyola, onde realiza os trabalhos espirituais, pela primeira vez desde que as denúncias vieram à tona. Durante os poucos minutos que ficou no local, ele disse que era inocente e que confiava na Justiça de Deus e dos homens.
“Meus queridos irmãos e minhas queridas irmãs, agradeço a Deus por estar aqui. Ainda sou irmão de Deus, mas quero cumprir a lei brasileira porque estou na mão da lei brasileira. João de Deus ainda está vivo. A paz de Deus esteja convosco”, diz João de Deus.
A assessora de imprensa do religioso, Edna Gomes, afirmou, após as declarações, que o médium era inocente, mas que as denúncias eram graves e deveriam ser apuradas.

Denúncias

O jornal "O Globo", a TV Globo e o G1 têm publicado nos últimos dias relatos de dezenas de mulheres que se sentiram abusadas sexualmente pelo médium. Não se trata de questionar os métodos de cura de João de Deus ou a fé de milhares de pessoas que o procuram.
O MP-GO e Polícia Civil investigam, de forma independente, a suspeita de crimes sexuais desde segunda-feira (10), depois que o programa Conversa com Bial divulgou o relato de 10 mulheres que disseram ter sido abusadas sexualmente pelo médium.

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