Recentemente encontrei com um conhecido militante do Partido dos Trabalhadores em um restaurante de nossa cidade, e ele fez a maior festa para mim, dizendo-se admirador de meu trabalho como escritor e cineasta, e até mesmo como político, por segundo ele eu manter coerência entre minhas palavras e minhas atitudes, apesar de não comungarmos das mesmas ideologias.
Achei estranha a abordagem dele, pois em que pese nos conhecermos há muitos anos, nunca mantivemos um contato estreito, a não ser os protocolares da cordialidade e da boa educação.
Ele me convidou a sentar a sua mesa e disse que gostaria de saber de mim o que eu estava sentindo sobre a eleição deste ano.
A princípio, imaginei que o papo seria sobre Lula e Bolsonaro, mas ele disse logo que queria saber sobre as eleições do Maranhão.
Como faz algum tempo que eu estou afastado do ambiente político, com poucas informações sobre as composições dos grupos de contendores, preferi, como diria o velho Odorico Paraguaçu, uma “manobra diversionista”, para poder saber onde eu estava entrando. Dei corda e não demorou muito, meu falante interlocutor, me deu as deixas que eu precisava para me posicionar naquela conversa.
Ele me perguntou em quem eu vou votar para governador, e eu lhe disse que votarei em Brandão. Expliquei-lhe que sou amigo dele, de seus irmãos e irmãs, desde os tempos de Colégio Batista, e que meu pai era muito amigo do pai de Carlos, que foram colegas de Assembleia, no tempo do governador Nunes Freire, grande amigo de ambos.
Lá pelas tantas ele me disse que teve acesso a pesquisas realizadas por uma empresa, segundo ele bastante confiável, e que o “imponderável”, palavra usada por ele, iria acontecer.
Perguntei qual era esse imponderável, ao que ele respondeu sem titubear: “Grandes possibilidades de Flávio perder para Roberto”.
Eu não me controlei e sorri, desdenhando da afirmação dele, pois apesar de não saber que pesquisa era aquela a que ele se referia, eu tinha certeza de que ela estava errada.
Disse-lhe que não acontecerá o imponderável nas eleições majoritárias, no primeiro turno, no estado do Maranhão.
Disse que ele escrevesse o que eu lhe diria e que ele me cobrasse depois, pois caso eu estivesse enganado, pagaria um almoço para ele naquele mesmo restaurante.
Disse-lhe que no primeiro turno, Bolsonaro terá pouco mais da metade dos votos de Lula, que Brandão e Weverton passarão para o segundo turno com diferença pequena de votos entre si, e que Flávio, por ter uma eleição em apenas um turno, vencerá a disputa para o senado, mas sua vitória não será acachapante como ele gostaria que fosse. Mesmo ganhando, o resultado vai ferir os brios e a vaidade dele.
Disse a ele que muitas pessoas vão aproveitar a oportunidade dessa eleição para fazer com Flávio, pelo menos um pouquinho, do que ele fez com elas, mas que mesmo assim, o poder e os recursos represados por ele e pelos seus apoiadores durante seu governo, serão decisivos para sua vitória.
Ele arregalou os olhos, talvez imaginando que eu fosse ficar feliz com a notícia da tal imponderabilidade que ele me trazia, acreditando que eu fosse achar boa a notícia de que Flávio Dino poderia perder a eleição para senador.
É que ele, assim como muitas pessoas, não me conhece. Não é por Flávio ter cerceado minhas ações enquanto produtor cultural durante pelo menos seis de seus sete anos de governador, que eu vou desconhecer a realidade.
Já estando eu mais seguro naquela conversa, por saber que tipo de raciocínio meu interlocutor tinha, disse a ele uma coisa que mais uma vez o deixou de cabelo em pé.
Disse que havia grande probabilidade de que muitos daqueles políticos que agora estão deixando de apoiar Weverton e passando a apoiar Brandão, no segundo turno fazerem o caminho inverso, e deixarem de apoiar Brandão e voltar a apoiar Weverton, uma vez que quem trai um compromisso, facilmente trai dois. Se alguém que durante muito tempo esteve alinhado em um grupo, e que por algum motivo, qualquer que seja ele, o abandona, muda de lado, pode muito bem, em seguida mudar de lado novamente.
Sabendo que iria deixar meu interlocutor ainda mais assustado, disse que o que está faltando nesta eleição em nosso estado, são políticos, que nem de um lado nem do outro existem políticos, pessoas que saibam operar os mecanismos da política, até porque nos sete anos do governo de Flávio e nos quatorze de Roseana, eles dois, cada um por seus motivos e razões, resolveram aniquilar os políticos. Principalmente os bons. Nessa hora, só comigo, lembrei de Herodes.
Disse a ele ainda mais uma coisa que o deixou visivelmente pensativo. Disse que a eleição de Brandão no segundo turno dependerá principalmente do apoio que ele terá ou não, daqueles que não pertencem ao grupo de Flávio Dino. Disse a ele que a eleição de Brandão dependerá principalmente de Roseana, que o apoia, mas é pouco prestigiada e tem pouco espaço em seu governo, e de políticos não alinhados ao dinismo, como Lahesio, Edvaldo e até mesmo Braide.
Meu interlocutor olhou pra mim com uma cara curiosa, e pediu uma outra cerveja ao garçom. Eu me levantei, e estiquei a mão para cumprimentá-lo. Ele levantou-se, apertou a minha mão, puxou-me para me dar um abraço e disse: “Você pode até estar errado em suas análises e conclusões, mas que elas nos fazem pensar, isso faz!…”.
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