Foreign Policy: Ocidente adora pensar que líder norte-coreano é louco e assassino.

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O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, não é insensato, só está tentando sobreviver, afirma especialista.

Esta opinião foi expressa em um artigo escrito para o jornal Foreign Policy pelo especialista sobre Coreia do Norte e professor da Universidade de Kookmin (Seul), Andrei Lankov.
"A política da Coreia do Norte pode parecer irracional se a observarmos de fora, mas o regime de Kim Jong-un age de forma lógica e necessária para sobrevivência", constata o autor.

Segundo ele, o Ocidente considera Kim Jong-un um louco; adora imaginar que ele está ameaçando à Coreia do Sul com guerra nuclear, que executa generais indesejáveis e que gasta somas enormes com a criação de armas nucleares mesmo o país enfrentando períodos difíceis da economia.
"Como líder que entende a Coreia do Norte, tal posição é incorreta. Mas, como líder que trabalha na política de Pyongyang, está levando à catástrofe", sublinha o especialista.
Lankov descreve a família de Kim como "racionalistas intransigentes" que visam continuar no poder. Considerá-los "loucos com armas nucleares" não é apenas incorreto, mas também perigoso, afirma o especialista.
Os últimos 25 anos têm sido difíceis para os líderes de Pyongyang: lidaram com a fome da população, com a perda de todos seus aliados — tirando a China — e com a luta contra uma superpotência [EUA]. Sendo assim, conseguir ultrapassar todas as barreiras e manter seu poder comprovam a racionalidade norte-coreana, explica o professor.
O autor do artigo destaca as três principais ameaças enfrentadas por Kim Jong-un:

A primeira trata-se de um eventual ataque vindo de fora. Neste contexto, a lição mais severa para a Coreia do Norte se trata da Líbia que, em 2003, abriu mão de seu programa nuclear em prol de benefícios prometidos pelo Ocidente. Mas, no fim das contas, tudo acabou em guerra e desfiguração de Muammar Kadhafi.
Há aproximadamente dez anos, os norte-americanos, impressionados com o negócio de desarmamento nuclear com a Líbia, apelaram aos líderes da Coreia do Norte para que seguissem o exemplo do país africano. "Eles seguiram, mas aprenderam uma.lição completamente diferente", indica o professor.

A segunda ameaça ao regime seria o golpe de Estado militar no país. Kim Jong-um, além de jovem, não possui muita experiência de liderança, assim, tem todas as razões em crer que generais estejam dispostos a ir contra ele. Está aí uma das belas razões que levou ele a fazer uma limpeza no exército e polícia, além disso, segundo o especialista, o recente assassinato de Kim Jong-nam, o irmão do líder norte-coreano, que poderia estar participando de alguma trama contra ele.
Vale ressaltar, acredita o especialista, que tais medidas não se realizam contra cidadãos comuns, pois Kim Jong-un não precisa de um "reino de terror".  Há muitos presos políticos nas prisões do país, mas o número não aumentou enquanto o novo líder coordena a Coreia do Norte.
Ao mesmo tempo, a ameaça de uma possível revolta popular, provocada pela estagnação econômica, sendo este o maior problema enfrentado pelo país, é o terceiro motivo que preocupa o líder norte-coreano.



Não obstante, Kim Jong-un conseguiu, entre 2012 e 2014, introduzir mudanças graduais no modelo econômico do país. Em particular, foram melhoradas as condições para fazendeiros e interrompidas as investigações ligadas a empresários. Isso resultou em um crescimento econômico, pois a fome da população passou, a prosperidade foi percebida não somente na capital, mas em todas as regiões.
No entanto, não tem nada a ver com política liberal, longe disso: "Kim Jong-un acredita que uma mistura especial de crescimento econômico e controle duro permite manter a obediência da população", declara Lankov.
Todavia não se sabe se sua política será capaz de garantir a estabilidade do regime a longo prazo. Todas as suas medidas provocam grande risco, mas "arriscar" não é o mesmo que ser "irracional", conclui o autor.
Kim Jong-un, líder norte-coreano, observa treinamentos do Exército Popular da Coreia

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