Uma eventual segunda condenação do ex-presidente Lula e sua prisão podem desencadear uma onda de violência por parte da militância que dificilmente partidos e centrais sindicais conseguirão conter. A previsão é de Jadi Bathista, da coordenação da Central Única dos Trabalhadores no Estado do Rio de Janeiro (CUT-RJ).
Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o sindicalista disse acreditar, porém, que as manifestações de solidariedade a Lula, como as que aconteceram nesta quinta-feira em várias cidades do país, possam influenciar no julgamento do juiz Sérgio Moro, 13ª Vara Federal em Curitiba, encarregado dos processos da Lava Jato. Moro marcou para o dia 13 de setembro uma nova audiência com Lula, desta vez por videoconferência, para ouvir o ex-presidente sobre as acusações de ter recebido como propina terreno que sediaria a nova sede do Instituto Lula em São Paulo e um imóvel próximo ao apartamento do líder petista. Segundo os procuradores, os imóveis foram negociados com a Odebrecht em troca de favorecimentos em contratos com a Petrobras. As acusações são de corrupção passiva e lavagem de dinheiro
No julgamento do último dia 12, Moro condenou Lula a nove anos e meio de prisão por ser dono de um triplex no Guarujá (SP), recebido como propina paga pela empreiteira OAS, também em troca de benefícios em obras da Petrobras. Se condenado numa segunda instância, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, o ex-presidente pode ter sua prisão decretada. A possibilidade preocupa o PT, uma vez que os desembargadores do TRF da 4ª Região têm mantido a tradição de não alterar diversas sentenças proferidas anteriormente.
"Depois do golpe contra os trabalhadores e de Moro estar sendo usado para consolidar o golpe no Brasil, isso é contra a Constituição. Eles não cumprem a Constituição. Agora isso vai ter reação. Hoje faz 40 anos que teve um monte de gente presa no Rio de Janeiro contra a ditadura militar aqui na Rio Branco. Eu fui um deles, Nilson Venâncio foi outro, Ivan Valente. Na época era MDB (Movimento Democrático Brasileiro) todo mundo. É difícil as pessoas guardarem a própria história", lembra o sindicalista, mostrando inconformismo pelo fato de as pessoas comemorarem hoje a data do Dia do Amigo e se esquecerem do significado de resistência de 20 de julho de 1977. As manifestações da época eram, curiosamente, contra as propostas de reformas trabalhistas e na Previdência.
"O PT tem seis milhões de filiados, mas, independentemente das correntes políticas, vai haver uma reação forte no Brasil, e vai haver uma coisa pior do que podemos imaginar e que nós não iremos controlar, vai haver radicalização. Está tudo apontando para isso e tem setor no Brasil que quer isso. Acredito na mobilização de rua, porque não temos Congresso (Câmara), nem Judiciário, nem Senado. Que democracia é esta que temos aqui, como no Rio de Janeiro, com o número de negros que se mata e fuzila? Isso é uma farsa", diz o sindicalista, informando da invasão, nesta quinta-feira pela manhã, da sede da CUT em Fortaleza por um grupo de homens armados, simulando um assalto. Bhatista culpa parte da mídia, em especial a Rede Globo, e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) de terem colocado brasileiros contra brasileiros na discussão política, propagando o ódio.
"Digo que vai haver radicalização, porque nosso pessoal não vai se curvar. Até dirigentes podem se curvar, porque dirigente dirige, mas um setor da militância não. Não vai respeitar PT, CUT, nem p.. nenhuma. O controle do diretório do partido em cima da militância que está radicalizada não vai ter, infelizmente", admite Bathista.
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