Delação causa rompimento entre Marcelo e Emílio Odebrecht

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O acordo de delação premiada da Odebrecht causou o rompimento das relações entre o ex-presidente e herdeiro do grupo empresarial, Marcelo Odebrecht, e seu pai, Emílio, presidente do Conselho de Administração do conglomerado. A informação foi confirmada ao UOL por cinco pessoas ligadas à Operação Lava Jato ou à Odebrecht, sob a condição de terem suas identidades preservadas.
"Marcelo sente-se injustiçado. Ele se vê como um bode expiatório. Acha que pagará o preço mais alto entre todos os envolvidos na Lava Jato também porque seu pai aceitou delatá-lo", afirmou ao UOL um funcionário de alto escalão da Odebrecht.
"Marcelo pagava mesmo propina e, de certa forma, desafiava as autoridades que poderiam incriminá-lo. Emílio, por sua vez, era mais conservador. Cometeu e sabia de ilegalidades, mas era mais contido", acrescentou.
Colaborar com os investigadores foi uma derrota pessoal de Marcelo e uma vitória de seu pai, além de abrir a crise de relacionamento entre os dois protagonistas do clã baiano de origem germânica. Nos primeiros meses após sua prisão --ocorrida em junho de 2015, durante a 14ª fase da operação--, o executivo insistia em negar as acusações e rejeitava aderir a um acordo. Emílio, por sua vez, decidiu rapidamente pela delação -- única maneira de preservar a empresa, em sua opinião.

Grupo de Emilio versus grupo de Marcelo

Na primeira visita que fez a Marcelo na prisão em Curitiba, em setembro de 2015, Emílio sugeriu-lhe que optasse por delatar, hipótese repelida pelo filho, como revelou a revista "Piauí". Marcelo está detido na carceragem da sede da Polícia Federal em Curitiba. "Em determinado momento, ele reclamou de que o pai não aparecia para visitá-lo", disse um investigador da Lava Jato.
"Este assunto [a delação] estremeceu a relação entre ambos. Havia dois grupos na empresa: o de Marcelo, que não queria a delação de jeito nenhum, e o de Emílio, que achava a delação a melhor saída", disse um membro do Conselho de Administração da Odebrecht. "Venceu a tese de Emílio."
Emílio tomou a iniciativa de procurar um acordo com as autoridades. Em maio de 2016, a empresa firmou o termo de confidencialidade, o que deu início às negociações para as delações premiadas.

"Nunca foram exatamente alinhados"

Marcelo sempre teve uma relação mais próxima com o avô, Norberto Odebrecht (1920-2014). "A referência de Marcelo sempre foi Norberto. Ele e o pai nunca foram muitos próximos. Eles têm personalidades diferentes. Emílio é extrovertido, Marcelo, o contrário", afirmou uma pessoa de Salvador próxima à família.
"Emílio e Marcelo nunca foram exatamente alinhados. O filho sempre foi conhecido por seu estilo agressivo nos negócios e até na corrupção", diz o funcionário da Odebrecht.
A título de exemplo, o ex-executivo Claudio Melo Filho disse, em sua delação premiada, que a Odebrecht passou a atuar com mais intensidade no pagamento de propinas a deputados e senadores para a aprovação de medidas provisórias após a chegada de Marcelo à presidência do grupo.
"A partir de 2009 e 2010, as MPs passaram a ter mais valor para a empresa, justamente por causa da saída de Pedro Novis e da entrada de Marcelo Odebrecht na diretoria da Odebrecht", afirma Melo Filho em sua delação.
Marcelo Odebrecht, ex-presidente e herdeiro do grupo empresarial Odebrecht, e seu pai, Emílio, presidente do Conselho de Administração do conglomerado
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