Em entrevista à CBN, ministro afirmou que teoria da evolução, questionada pela colega de Direitos Humanos, é fruto de longos anos de estudo e consenso entre acadêmicos.
Marcos Pontes assumiu a pasta de Ciência e Tecnologia do novo governo Foto: Brazil Photo Press / Agência O Globo..
RIO - O ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, rebateu nesta quinta-feira a fala da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, sobre a Teoria da Evolução. Em um vídeo de uma entrevista dada por Damares em 2013, revelado pelo GLOBO nesta quarta-feira, ela dizia que a "igreja evangélica perdeu espaço na História ao deixar a Teoria da Evolução entrar nas escolas".
— Não se deve misturar ciência com religião — comentou o ministro, em entrevista à Rádio CBN.
Para Pontes, do ponto de vista científico, são décadas de estudo para que a Teoria da Evolução fosse formada, e que, por isso, a tese não deveria ser questionada.
— Ela deve ter falado em algum tipo de contexto que eu não sei exatamente — ponderou ele. — Do ponto de vista da ciência, são muitas décadas de estudo pra formar a Teoria da Evolução, de (Charles) Darwin em diante.
Em entrevista à pastora Cynthia Ferreira, em 2013, quando perguntada sobre o papel da Igreja e dos fiéis na política, Damares deu a entender que os evangélicos precisavam "ocupar a ciência". À época, ela era funcionária do gabinete do então deputado Arolde Oliveira (PSD), eleito senador em 2018, pelo estado do Rio de Janeiro, após nove mandatos como deputado federal.
— A igreja evangélica perdeu espaço na História. Nós perdemos o espaço na ciência quando nós deixamos a teoria da evolução entrar nas escolas. Quando nós não questionamos. Quando nós não fomos ocupar a ciência. A igreja evangélica deixou a ciência para lá. "Ah, vamos deixar a ciência caminhar sozinha". E aí cientistas tomaram conta dessa área. E nós nos afastamos — disse Damares.
Meta de 2% do PIB para ciência
O ministro Marcos Pontes também afirmou à CBN que trabalha para que 2% do Produto Interno Bruto (PIB) sejam destinados para pesquisas em ciência e tecnologia. Dentre os projetos prioritários para a pasta, ele apontou a expansão da internet de banda larga em todo o país e o aumento de projetos que envolvam a produção de inovação de produtos e serviços.
— O Brasil está muito atrás em inovação. Temos muitas publicações e poucas inovações. Precisamos melhorar a presença de empresas, produzir lucros para o país. Precisamos ajudar as empresas a terem um ambiente positivo de negócios — afirmou Pontes, que disse contar também com o apoio do setor privado para alavancar o setor de pesquisas no Brasil.
Pontes afirmou que vai a Israel ainda neste mês para conhecer as tecnologias de dessanalização de água. Apesar de assuntos relacionados à segurança hidríca serem de responsabilidade do Ministério do Desenvolvimento Regional, Pontes explicou que sua pasta irá trabalhar em conjunto para o melhor conhecimento desses equipamentos.
Questionado sobre uma possível retomada do programa Ciências sem Fronteiras, encerrado em 2017, o ministro afirmou que o tema não foi discutido em conversas com a comunidade científica. Ele disse, ainda, que será necessário um reajuste orçamentário na pasta para recuperar os investimentos no CNPq e no Finep, com recursos garantidos até setembro deste ano. Entre as saídas elencadas, destacou o uso de emendas parlamentares.
— O CNPq é essencial em pesquisa básica. É um dos nossos motores. Esse problema será tratado ao longo do ano — afirmou ele.
Além de recursos parlamentares, Pontes apontou para necessidade de atrair o setor privado para fomentar investimentos na área.
— De imediato, precisamos atrair o setor privado no sistema. Precisamos ajudá-los a ter um ambiente positivo de negócios. Precisamos que o dinheiro tenha um retorno claro em produção de riquezas — defendeu o ministro.
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