Último navio da Frota Espacial, projeto muito secreto da URSS, se arrisca a desaparecer

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Kosmonavt Vikor Patsaev, foto de arquivo

Este navio tem uma forma muito particular: tem antenas semiesféricas ou em forma de flor que fazem com que o navio pareça um observatório flutuante.

Na realidade é isso mesmo, com essas antenas este observatório marítimo se liga à Estação Espacial Internacional e aos satélites russos que estão na órbita.
O Kosmonavt Viktor Patsaev é o último navio representante da Frota Espacial, uma estrutura única, muito secreta, sem ajuda da qual a cosmonáutica russa não teria tido tanto sucesso. E agora este gigante corre risco de desaparecer. Por que este navio era tão secreto e como ele mudou o percurso da História?

Aterrissagem de Gagarin


A Frota Espacial surgiu no início dos anos 60. Como era um projeto secreto, ele primeiro saiu para alto mar como um navio de transporte de carga geral de apoio à pesca. Mas os próprios pescadores começaram perguntando coisas e, para que o segredo não fosse revelado, o navio foi registrado na Academia das Ciências, conta Anatoly Kapitanov, presidente do clube de veteranos da Frota Espacial.
Na época, a corrida espacial estava em pleno andamento. Gagarin já estava vestindo seu escafandro, quando de repente ficou claro que os aparelhos terrestres não podiam garantir o regresso seguro de Gagarin. Eram precisos navios que conseguissem receber sinais do Vostok em qualquer ponto do planeta.
Devido ao caráter altamente secreto da missão, era permitido usar as antenas apenas dez minutos antes do voo do Vostok. Graças ao trabalho bem organizado e ao alto nível profissional da tripulação, foi possível determinar exatamente onde Gagarin faria sua aterrissagem e garantir sua segurança.



Depois da revolução espacial
Após o voo histórico de Gagarin, a Frota Espacial começou ganhando força. Em 1971, foi lançado à água o navio-chefe da frota, Kosmonavt Yuri Gagarin. Isto foi um verdadeiro "milagre" tecnológico: 232 metros de comprimento e um deslocamento como o do Titanic. Os feixes de rádio do Kosmonavt Yuri Gagarin podiam atingir a Lua. Todos os navios da frota tinham algo de particular que os tornava muito potentes e ajudava muito na exploração do espaço.
Kosmonavt Yuri Gagrin, foto de arquivo
© SPUTNIK/ ALEKSANDR MOKLETSOV
Kosmonavt Yuri Gagrin, foto de arquivo
Atlântico, Pacífico e Índico — estes oceanos foram uma plataforma permanente para os navios soviéticos que conseguiram monitorar todas as voltas das naves espaciais e retransmitir os dados para os centros de Controle de Missão.
Nem sempre tudo correu bem, Anatoly Kapitanov, citado pela edição Zvezda, lembra que de vez em quando os navios eram detectados. Assim, ele contou a história do navio Kegostrov que foi arrestado no Brasil em 1968.
"Provavelmente em resposta ao arresto do navio USS Pueblo, efetuado pela Coreia do Norte, os EUA decidiram arrestar o nosso no Brasil", lembra Kapitanov.
O navio foi transferido para o porto de Santos e as autoridades brasileiras tentaram inspecionar o navio. Começou uma batalha diplomática em que venceu a União Soviética e apenas aos jornalistas brasileiros foi permitido visitar o navio. A tripulação mostrou alguns aparelhos que não eram secretos, mas isto foi suficiente para que a mídia ficasse satisfeita e escrevesse matérias sobre o navio "mais secreto da União Soviética".
Foi uma verdadeira prova para os marinheiros: em caso de perigo de revelação de alguma informação realmente secreta, eles deveriam eliminar os blocos mais secretos. Felizmente, eles não precisaram de fazer isso.
Museu ou lixo
A Frota Espacial não sobreviveu à dissolução da União Soviética. Países desunidos não podiam sustentar esta unidade.
Um atrás do outro, os navios se foram transformando em sucatas. Dos 17 navios da frota, apenas um conseguiu resistir até hoje. É o Kosmonavt Viktor Patsaev. Uma parte dele foi reconstruída para servir como museu da antiga fama da Frota Espacial, outra ainda funciona recebendo e retransmitindo os sinais da órbita da Terra.
No entanto, se espera que, a partir de agosto, essas funções sejam efetuadas pelo posto de comando e medição do Báltico. Assim, a Rússia não precisará mais de usar o Kosmonavt Viktor Patsaev, o que pode resultar em falta de financiamento e, como resultado, fazer com que este último navio também se transforme em sucata.

Um dos navios da Frota Espacial da União Soviética, Kosmonavt Vladimir Komarov, em 1971
© SPUTNIK/ ALEKSANDR MOKLETSOV
Um dos navios da Frota Espacial da União Soviética, Kosmonavt Vladimir Komarov, em 1971

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